Na última semana de 2017 ao menos três pessoas, em Mato Grosso, podem ter cometido o ato mais extremo de um ser humano, atentar contra a própria vida. O Circuito Mato Grosso foi ouvir o Centro de Valorização da Vida para saber como podemos ajudar a evitar mais casos como esses.
Muitos podem atribuir o suicídio às causas externas. O tema é um grande tabu, inclusive para a própria imprensa. Porém, o que sabemos é que todas as três últimas vítimas pertenciam a perfis sociais, idades e realidades econômicas diversas. Dois casos aconteceram na Véspera de Natal. Um foi de um jovem de 23 anos, encontrado morto por enforcamento dentro de sua própria casa, em Chapada dos Guimarães. Na madrugada do mesmo dia, outro rapaz, de 20 anos, se jogou do 15º andar de um prédio de luxo, localizado nas proximidades do Shopping Pantanal, em Cuiabá. A terceira vítima, foi uma mulher, de 51 anos, encontrada morta dentro de casa, na quinta-feira (28/12), em Rosário Oeste. Na verdade, as razões que levaram essas três pessoas a tais medidas são profundamente pessoais, porém todas tem uma raiz comum: a depressão.
A doença pode ser definida como uma dor silenciosa, uma tristeza profunda que atinge um grande número de pessoas. A solidão também é uma das principais queixas das pessoas que sofrem de depressão. Embora quem esteja passando por esse tipo de dor sinta-se de fato sozinho, muitas outras pessoas atravessam o mesmo problema. São onze milhões de brasileiros diagnosticados com a doença de acordo com o Ministério da Saúde.
O país já é o segundo do mundo com prevalência da depressão. A Organização Mundial de Saúde (OMS), aponta que a doença no Brasil é a segunda maior carga de incapacidade, sendo o maior índice na América Latina. A prevalência registrada é maior entre as mulheres (10,9%) do que nos homens (3,9%).
Apesar da doença ser considerada o “Mal do Século” e dos números crescentes, ainda há muita incompreensão sobre o tema. E a falta de empatia por quem atravessa esse tipo de problema acaba agravando os quadros e arrastando as pessoas para decisões sem volta, como o suicídio. Criticar, acusar a pessoa que está com depressão de não ter força de vontade podem não ser as melhores atitudes.
Cultivar a empatia, aprender a ouvir e oferecer ajuda são apontados por quem trabalha nos centros de atendimento como os melhores caminhos. Afinal, a pessoa só poderá ser encaminhada para um tratamento médico adequado, com um terapeuta ou psiquiatra, se ela conseguir externalizar o seu sofrimento para alguém.
Matar a dor
A porta-voz do Centro de Valorização da Vida (CVV) de Cuiabá, Isaura Tatum, explica que, na verdade, a grande maioria das pessoas que tentam se suicidar acabam afirmando que não queriam de fato morrer. “Normalmente a pessoa não quer acabar com a vida. O que ela quer é acabar com a dor. A Dor às vezes é maior do que a vontade de viver”, diz.
Isaura explica que tentar compreender a razões da pessoa e julgar não ajuda nada. “Nunca tem um motivo só. A pessoa vem acumulado coisas externas, crises financeiras, perdas e já sofre com depressão. Então não é de uma hora para a outra. Ela vai acumulando, acumulando, e daí chega um momento que a pessoa desamina. O que pode desencadear até uma decisão pior.”
As Festas deixam as pessoas mais solitárias
O período de fim de ano é de fato uma época de alerta para o CVV e os outros grupos de valorização da vida. Mas não há estatísticas oficiais que possam apontar que de fato os números cresçam nesse período. A única forma seria o Mapa da Violência, que é feito a cada cinco anos, porém não existem números por mês dos casos. “Porém nós do CVV, podemos afirmar que nesse período o volume de ligações aumentam. Principalmente no final do mês de dezembro. A média de aumento é de 20%”, explica. O CVV recebe em média 1500 ligações por dias, de pessoas de todas as idades e gêneros.
Para dar apoio as pessoas, o Centro intensifica suas atividades durante as Festas.
“O que sentimos que é uma época que tem todo um espírito de comemoração de reunião, confraternização, amizade, algo coletivo e de ligação com as pessoas. O que parece nesse período é que todo mundo tem alguém. E no final do ano tem essa visão de que vamos fazer o balanço e começar de novo, e isso agrava a sensação de fracasso. A pessoa se frustra mais, tem as coisas que a pessoa não conseguiu superar. Na mudança todos têm essa visão de que vamos fazer o balanço e tentar de novo. Então se a pessoa já se sente solitária, ela vai se sentir pior. Isso se agrava também”, explica.
Não são apenas o que estão sozinhos e afastados de parentes neste período que sofrem. Muitas pessoa que estão entre os próprios familiares também se queixam de depressão.
A solidão
Tal qual os tristes casos da última semana em Mato Grosso, não existe um perfil exato para alguém sofrer de depressão. Para o CVV a prevenção deve acontecer quando descobrimos que alguém precisa ser escutado. “Existem pessoas que estão rodeadas, porém ela se sente só, pois não se sentem aceitas. Muitos têm até companheiros, e ainda carregam a sensação de estarem sozinhos”, explica Isaura.
Como ajudar
O primeiro passo para ajudar alguém em depressão é observar o próximo. Ter interesse pelo outro, cultivar a empatia. “Tenha um olhar atento, observe, perceba e pergunte se a pessoa está sentido algo, estenda a mão. Evite criticar, busque entender. Deixe a pessoa se abrir e falar abertamente. Nós temos o hábito de recriminar as pessoas, mas é importante que a gente entenda o que o outro está sentindo e se aproxime. O interesse é sempre a melhor opção”, explica Isaura.
Para quem estiver sentindo-se solitário, deprimido, com pensamentos extremos e sem alguém ao seu lado, Isaura aconselha a busca imediata por ajuda.
“Procure ajuda profissional e tente conversar com alguém. Vá até o pronto-socorro. Existe atendimento público, sim, e a pessoa precisa saber que ela não é a única a sentir isso. Muita gente acredita que está sofrendo sozinha, mas não. Compartilhar a dor com alguém é saudável e busque ajuda, não fique sofrendo de isolamento. Busque ajuda, peça ajuda. Não tenha medo, isso não é fraqueza. Todos nós precisamos um do outro, não há problema”.
Os canais de atendimento do CVV são:
188 ligação gratuita
Mais informações sobre como ajudar e buscar ajuda:
www.cvv.org.br
https://www.facebook.com/cvvoficial/
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Dores abdominais e desconforto de origem gastrointestinal, inclusive distúrbios, como gastrite, síndrome do intestino irritável, entre outros.
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Dor de cabeça.
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Dores no corpo causadas por tensão muscular, principalmente na região da nuca, ombros e costas.
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Dor e sensação de aperto no peito.
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Sensação de ter algo preso na garganta.
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