O discurso eleitoral do ministro Henrique Meirelles (Fazenda) no programa de seu partido, o PSD, irritou parte dos deputados aliados ao governo por não citar o nome do presidente Michel Temer nem pedir diretamente apoio à reforma da Previdência.
Segundo a reportagem apurou, as queixas chegaram ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que as repassou a Temer. De acordo com esses aliados, o ministro recebeu críticas dentro da própria equipe, que diz que ele está deixando de lado algumas pautas importantes para se dedicar ao calendário eleitoral.
Meirelles ainda não bateu o martelo sobre sua candidatura em 2018. Diz que isso será feito apenas em março. Até lá, juntamente com Maia e o governador Geraldo Alckmin (PSDB), figura como aposta de nome que terá o apoio do Palácio do Planalto.
Na peça veiculada nesta quinta-feira (21), o ministro diz que o brasileiro "não quer mais saber de aventuras" e usa o espaço de oito dos dez minutos do vídeo para tentar se consolidar como potencial candidato a presidente em uma fatia do eleitorado considerada de centro.
Apesar do discurso de que terá o apoio do governo caso consiga ocupar esse espaço, o ministro não cita diretamente o nome de Temer no programa e também não usa a expressão "reforma da Previdência", principal bandeira de sua política econômica, porém, considerada eleitoralmente impopular.
Meirelles fala em números da queda na inflação e nos juros e diz que está ajudando o país a vencer "a maior crise econômica da nossa história", mas quando o assunto é a mudança nas regras de aposentadoria, a expressão "nova Previdência" aparece na tela enquanto ele faz um discurso genérico.
"Esse governo tem tido a coragem de fazer reformas fundamentais para a retomada do crescimento e do emprego", diz Meirelles. "Temos que trabalhar para ampliar conquistas para que no futuro não falte dinheiro para pagar as aposentadorias", completa.
O vídeo lembra ainda que Meirelles foi presidente do Banco Central e comandou uma "virada na economia", sem citar o fato de que ele ocupou esse cargo durante o governo
Lula.
Em seguida, explica seu trabalho no governo Temer. "Durmo pouco e trabalho muito, gosto de trabalhar. O trabalho do ministro da Fazenda é fazer a economia melhorar e o país crescer."
A votação da reforma da Previdência está marcada para dia 19 de fevereiro e, por enquanto, o governo ainda não tem os 308 votos necessários para aprovar a medida na Câmara. Segundo aliados de Temer, Meirelles deveria ter usado o tempo no vídeo para fazer uma defesa enfática da proposta e garantir apoio.