Exame psiquiátrico atesta condições para a liberdade do comendador João Arcanjo Ribeiro. Preso desde 2002 por acusação de assassinatos, comando de crime organizado dentre outros crimes, o resultado pode levar à progressão da prisão para o regime semiaberto.
Exame no dia 13 deste mês mostra que um perfil psiquiátrico de Arcanjo com baixo nível de violência, reincidência e psicopatia, e melhora de amadurecimento no tempo em que está preso. O exame psiquiátrico faz parte de uma série de avaliações que compõe o processo criminal contra o ex-bicheiro. A parte dele, o juiz da Vara de Execuções Penais de Cuiabá decidirá sobre a progressão de pena.
A realização do exame durou sete horas, e Arcanjo assumiu vários crimes tributários e de lavagem de dinheiro, mas em relação a homicídios – dentre eles o do empresário Sávio Brandão, fundador do extinto jornal Folha do Estado – em que é apontado como mandantes, afirmou que “embora já tenha pagado a sentença, nego que tenha sido o mandante”.
Conforme o laudo, Arcanjo “demonstra ter estabelecido um processo de amadurecimento e reflexão sobre si e seus atos”. Disse estar arrependido de seus crimes, cometidos em época que estava “cego”. “Quero reiniciar minha vida”, afirmou.
A médica psiquiatra Luisa Forte Stuchi, afirmou que o ex-comendador foi cooperativo, atento, respondendo ao que lhe era solicitado com respostas claras. Conforme ela, Arcanjo demonstra boa capacidade de frustração e fala sobre a reclusão sem se colocar como vítima. Ele ainda teria demonstrado empatia durante a entrevista, apresentou crítica sobre seus atos e arrependimento dirigido às consequências de sua vida, sua família e terceiros.
Arcanjo foi avaliado sobre reincidências criminais e a probabilidade de violência em dois métodos. Num, ele é avaliado em dez itens correspondentes ao passado, cinco referentes ao presente e cinco em relação ao risco futuro. Nesse check-list, a avaliação é feita de zero a dois para cada item, sendo que zero representa a ausência dos itens, a nota um representa que o item está possivelmente presente ou presente de forma limitada, e nota dois quando o item está definitivamente presente. No final a pontuação total soma 40 pontos.
Na avaliação Arcanjo obteve cinco pontos e foi considerado com baixa probabilidade de novos atos de violência, responsável pela decisão de seus atos, total ciência do configura ato ilícito, que responderá por eles se infringir e que conhece as regras a serem respeitadas caso receba o benefício de progressão. Nos itens avaliados ele apresentou nota dois na questão de violência prévia e dois no quesito exposição a fatores desestabilizadores, e nota um no quesito estresse.
No segundo método onde se é avaliada a psicopatia, também é utilizado um check-list de 20 questões, com pontuação de zero a dois, somando 40 pontos. Nesse método a nota de Arcanjo foi seis, considerada baixa para a psicopatia, apresentando nota um em loquacidade/charme superficial, nota um em auto estima inflada, nota um na questão controlador e manipulador, nota um na questão de falha em assumir responsabilidade, e nota dois em versatilidade criminal.
Após a conclusão da avaliação, a psiquiatra sugeriu que caso Arcanjo receba a progressão, tenha um acompanhamento psicoterápico para auxiliar sua ressocialização. “Tendo Magistrado feito sua decisão, caso receba a progressão de regime, sugiro e considero importante que o reeducando realize acompanhamento psicoterápico para auxílio de sua ressocialização uma vez que permaneceu durante 15 anos em regime de reclusão”. (Com informações de A Gazeta)