O MPE (Ministério Público do Estado) instaurou inquérito civil para investigar o ex-governador Silval Barbosa (sem partido), o deputado estadual Mauro Savi (PSB) e Antônio da Cunha Barbosa Filho, irmão de Silval. Eles são suspeitos de receber dinheiro de contrato irregular entre a empresa do Vivaldo Lopes e o Detran-MT (Departamento de Trânsito de Mato Grosso).
A informação sobre a operação do esquema consta de delação premiada assinada por Antônio da Cunha Barbosa Filho com a PGR (Procuradoria Geral da República). O deputado Mauro Savi foi apontado como o operador do suposto esquema, que existia desde 2011.
O pagamento de propina ocorria a partir de contratos realizados com a empresa responsável pelo sistema de lacres de serviços do Detran-MT. O dinheiro era redirecionado para Savi, que utilizada uma empresa de consultoria para mascarar a transação. Empresa que seria de propriedade de Vivaldo Lopes.
O inquérito é comandado pelo promotor Clóvis de Almeida Júnior, coordenador do Naco (Núcleo de Ações de Competência Originária) Cível. Na portaria publicada na segunda-feira (11), o promotor classifica as ações de improbidade administrativa e enriquecimento ilícito.
“Resolvo instaurar inquérito civil público com a finalidade de investigar supostos atos de improbidade administrativa e enriquecimento ilícito, com envolvimento do ex-governador do Estado de Mato Grosso, Silval da Cunha Barbosa, de seu irmão, Antônio da Cunha Barbosa Filho, e do deputado estadual Mauro Savi, decorrente de retorno financeiro obtido por intermédio de empresa de assessoria, de propriedade de Vivaldo Lopes, em virtude de contratos firmados com o Departamento Nacional de Trânsito de Mato Grosso”.
Delação
Em depoimento à PGR, Antônio da Cunha Barbosa Filho disse que soube do esquema no Detran-MT em 2011, ano em que um servidor o procurou para se informar sobre a distribuição do dinheiro desviado.
“O servidor me indagou se Mauro Savi repassava tais valores a alguém ligado a Silval Barbosa, pois, segundo o servidor, o deputado a todo tempo dizia que repassava parte da propina que recebia ao governador, deixando claro que se não existisse repasse o mesmo poderia começar a ser feito diretamente a Silval”.
Ele procurou o ex-governador para chegar a participação no esquema e foi informado que não havia repasses. A partir de então, Silval Barbosa passou a cobrar parte do dinheiro, cuja soma se aproximou de R$ 210 mil.
“Silval determinou que eu passasse a receber os valores oferecidos e encaminhasse a parte que cabia a Mauro Savi. Eu cheguei a receber umas duas ou três vezes repasses em dinheiro em espécie. Os valores recebidos foram de um total aproximado de R$ 210 mil”.