Rafael Ranalli, 38, policial federal há 11 anos, é o mais novo filiado ao Patriotas, partido político que tem como valores 12 pilares; patriotismo, família, trabalho, meritocracia, hierarquia e disciplina, sustentabilidade, inovação, protagonismo, integridade, antipopulismo, execução e legado.
O policial nasceu em Londrina e reside em Mato Grosso há mais de 30 anos. Teve sua educação em colégio militar e é formado em jornalismo pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e em direito pelo Instituto Cuiabá de Ensino e Cultura (Icec). Rafael é seguidor do pré-candidato a presidente Jair Messias Bolsonaro e compactua com suas ideias desde 2012.
Rafael, que se considera o Bolsonaro mato-grossense, informou que se filiou aos Patriotas com o intuito de apoiar o pré-candidato à Presidência. Em entrevista exclusiva ao Circuito Mato Grosso, o policial falou dos planos, objetivos, o que o levou à filiação e o que pensa sobre o atual cenário político brasileiro.
Confira a entrevista na íntegra:
Circuito Mato Grosso: Quando surgiu a ideia de se filiar a um partido político?
Rafael Ranalli: A Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), a qual eu represento por intermédio do Sindicato de Policiais Federais de Mato Grosso (Sinpef-MT), veio com a ideia de lançar um pré-candidato a deputado federal em cada estado da federação para combater a corrupção lá dentro do Congresso, lá no foco, e, não aguentando mais a corrupção e querendo contribuir de alguma forma, me filiei.
CMT: Por que o Patriotas?
Ranalli: Eu como acompanho o deputado Jair Bolsonaro há um tempo vi a mudança dele para o Patriotas, e aí fui atrás do partido aqui no estado, me apresentei como policial federal e expliquei as futuras pretensões da Fenapef e logo de cara vi que toda a diretoria e filiados são todos novos, que não praticam a velha política dos caras que estão há anos na política e nada fazem ou já se corromperam.
CMT: É uma maneira de a PF tentar mudar o país?
Ranalli: A Polícia Federal já fez várias operações que levaram grande parte dos corruptos para a cadeia, como a Operação Lava Jato, operações inclusive aqui no estado de combate à corrupção, e agora a ideia é atuar para mudar as leis deste país.
CMT: Já havia pensado em ser político um dia?
Ranalli: Não, na verdade meu sonho era ser policial, e é o que eu sou, porém, as coisas começaram a acontecer. Eu não me via dentro da política, mas queria ajudar o Bolsonaro caso ele saísse candidato e aí colaborar da melhor forma possível.
CMT: Pensa em se candidatar futuramente?
Ranalli: Então, a ideia foi apenas me filiar ao partido como eu fiz, porém, a diretoria do Patriotas, ao tomar conhecimento da ideia da Fenapef e apoio do Sinpef-MT, me convidou a ser pré-candidato a deputado federal pelo partido, e disse que me apoiaria caso isso acontecesse.
CMT: Caso ocorra uma possível candidatura sua a deputado federal, o que buscaria no Congresso?
Ranalli: A Segurança Pública seria a bandeira nº 1. E depois defender os servidores públicos e a população em geral. A ideia maior é sempre defender a polícia, pois é a última fronteira para o caos. Todo policial não deixa de ser um herói. Hoje se um ladrão descobre que a pessoa é policial, ela vai morrer, e isso é uma total inversão de valores. O policial deveria ser amado, só que ensinaram as pessoas a nos odiar. E quanto aos servidores, a gente viu o quanto o governo sacrifica o servidor público. O que eles [governo] fazem é demais, querem colocar a população contra o servidor, que em sua maioria é gente honesta que está ali para trabalhar.
CMT: E sobre a questão da segurança pública, o que o senhor tem a dizer?
Ranalli: A segurança está um caos. É o pior problema que temos no quadro social do país. A educação é um problema sério, pode gerar a violência quando se tem uma população mal educada. Se você manda seu filho à escola, você não tem certeza se ele vai chegar lá, e se chegar tem droga e violência na maioria delas. A segurança está uma lástima e a lei do desarmamento só contribuiu para isso. Daí que surgiu o convite para ser pré-candidato a deputado federal. Muita gente fala: “logo de cara um cargo federal?”. É que nós não estamos vendo isso como uma escada. Ninguém aqui é político profissional, queremos entrar onde se faz a lei, e como agentes da lei, entendemos que em alguns pontos a lei é branda e tem brechas.
CMT: Então o senhor é a favor do porte de arma?
Ranalli: Sim, pois hoje a sensação que temos é a de que o bandido tem o direito de matar e o cidadão não tem direito a se defender; são dois pesos e duas medidas. E outra: se o bandido souber que as pessoas estão armadas, ele não vai meter a cara, porque o bandido é vagabundo, ele quer as coisas fáceis, e hoje está fácil ser bandido, pois ninguém está armado.
CMT: E se com a ideia de liberar armas, começar uma barbárie? Não acredita nisso?
Ranalli: Temos que tirar essa ideia da população, pois só terá arma quem quiser ter e quem cumprir os requisitos legais. Ter 25 anos, aptidão psicológica, teste prático, “nada consta”. Quantos crimes vemos no dia a dia? Se a pessoa tiver uma índole ruim e se quiser matar, vai matar. Quantas vezes não vê nos finais de semana pessoas que morrem com facadas, pedradas, pauladas, cadeiradas, garrafadas, entre outros. Não precisa de arma para matar ninguém; se o cara tiver a ideia de matar, ele vai matar com ou sem arma.
CMT: Com ou sem arma, então, o crime vai acontecer?
Ranalli: Exato. O Rio Grande do Sul, por exemplo, é o estado que mais tem porte de arma concedido no Brasil e uma pesquisa mostrou que é o menos violento, ou seja, o estado que tem mais armas é o menos violento. Se for comparar com países, os Estados Unidos em que o porte na maioria dos estados é liberado tem menos assassinatos que no Brasil, onde existe essa política de paz e amor que não funciona porque são 70 mil assassinatos por ano. É errado o cidadão de bem não poder se defender.
CMT: Seria a liberação das armas outra luta?
Ranalli: Se caso eu chegasse a Brasília como político, buscaria, junto com o Bolsonaro, a ampliação do entendimento de legítima defesa.
CMT: É a favor da restrição de calibre para o cidadão?
Ranalli: Não, acho que não se deve restringir o calibre, se o cidadão de bem tem dinheiro para comprar uma arma ponto 50, que compre. Não importa o meio ou tipo do armamento, importa é que está usando; se for uma pessoa que cumpre todos os requisitos, sem problemas.
CMT: Aumentaria a segurança?
Ranalli: Sim, é isso que a população tem que entender: “vagabundo” não se cria onde tem pessoas de bem e armadas.
CMT: E como controlar as armas ilegais?
Ranalli: É outro detalhe, fazer o Exército tomar conta da fronteira, isso é fato, temos que ter um controle mais rigoroso na fronteira, olha o tanto de droga e de arma que entra, e isso não tem cabimento, parece que é uma terra de ninguém e sem lei o Brasil.
CMT: Pessoas que lutam contra o armamento alegam que com a liberação começaria uma matança. O que acha disso?
Ranalli: Esse pessoal de paz e amor acredita que todo brasileiro é bandido? Para eles é isso, mas nós não acreditamos nisso. O brasileiro é um povo de bem e a maioria de pessoas de bem vai defender o próximo, e tem que ter esse direito. Tenho certeza de que a taxa de mortalidade de 70 mil por ano vai cair, pois bandido não vai dar as caras.
CMT: E quanto ao uso de tornozeleira eletrônica, é a favor ou contra?
Ranalli: Isso é inadmissível; se a pessoa errou, tem que pagar. Tem umas progressões que são sacanagem, o cara é condenado a 10 anos e em dois anos está na rua. A tornozeleira foi uma brecha para manter bandido na rua.
CMT: Qual a sua opinião quanto à superlotação dos presídios?
Ranalli: Enquanto não tiver dinheiro para construir presídio novo, que fique lá no aperto, quem mandou errar? No Brasil estão ensinando o povo que o ato não tem consequência. Quando você escolhe uma coisa, automaticamente você abre mão de outras. No Brasil o cara faz e quer benefícios e mais benefícios.
CMT: Seus colegas de trabalho e a instituição Polícia Federal têm apoiado a filiação?
Ranalli: Sim, todo apoio não só da Polícia Federal, mas de companheiros da Polícia Militar, Polícia Civil, Polícia Rodoviária Federal.
CMT: As pesquisas apontam que se as eleições fossem hoje o ex-presidente Lula ganharia as eleições de 2018, caso saia candidato. Nesse caso, o candidato que o senhor apoia, deputado Jair Bolsonaro, não ganharia. Qual a sua opinião?
Ranalli: Essas pesquisas no Brasil são suspeitas, hoje temos um órgão razoável de confiabilidade que é o Paraná Pesquisas, que é o que está mais ou menos de encontro ao que acompanhamos nas redes sociais, e o Bolsonaro lidera várias pesquisas e os demais estão atrás. O Paraná Pesquisas aponta que o Bolsonaro ganharia em quatro regiões: Norte, Sul, Sudeste e Centro-Oeste, perdendo somente no Nordeste.
CMT: Acredita em uma possível vitória do Bolsonaro?
Ranalli: Se ele vir a se candidatar, eu acredito que ele seja eleito.
CMT: A admiração por ele não pode prejudicá-lo junto aos que o rejeitam?
Ranalli: Eu acho que não, a gente defende a bandeira principal que são Deus e a família. Este país tem cerca de 90% da população cristã, e o cristão no fundo é conservador e quer a coisa certa. O apoio ao Bolsonaro, a meu ver, vai ao encontro do que a população quer. Muitas pessoas que gostam do Bolsonaro ou podem gostar das minhas ideias não vão falar, mas apoiam o pensamento, porém não expõem devido ao politicamente correto.
CMT: Acredita que o Bolsonaro teria apoio de outras classes?
Ranalli: Eu vejo que o apoio do empresariado está indefinido, pois o ponto a que chegou o país com esse governo social-comunista dos últimos anos levou à situação em que nós estamos hoje. Eu vejo que o empresariado quer algo diferente.
CMT: Por quê?
Ranalli: Porque o empresariado é o que mais se assemelha e apoia o estilo de governo americano, afinal, lá é a maior economia do mundo, por mais que o Bolsonaro seja conservador, economicamente, somos liberais; é a mínima intervenção do Estado.