O juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal, negou nesta sexta-feira (27) recurso da defesa do ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral e manteve a decisão de enviá-lo para um presídio federal. Responsável pelas ações da Lava Jato no Rio de Janeiro, Bretas não aceitou pedido de reconsideração feito ontem (26) pelo advogado Rodrigo Roca. Mais cedo, Cabral já havia perdido recurso sobre a mesma decisão no Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Em seu despacho, Bretas citou passagem da Bíblia para justificar a manutenção de sua decisão, tomada depois que Cabral, na última audiência, demonstrou saber detalhes da vida da família do magistrado. O fato deixou o juiz contrariado, pois poderia ser, segundo ele, uma ameaça subliminar.
“De toda forma, aproveito para reafirmar que a determinação de transferência não foi respaldada em questões pessoais, e sim em circunstâncias fáticas anteriormente expostas, todas no interesse das investigações criminais em curso, tanto que confirmadas pela instância superior. No presente momento, não vislumbro modificação nas circunstâncias fáticas que ensejem a revisão da decisão proferida”, escreveu Bretas na decisão.
Na decisão, o juiz destacou o pedido de reconsideração feito pela defesa de Cabral, que negou ter havido qualquer ameaça à família do magistrado e apresentou desculpas pelo comportamento intempestivo do ex-governador. Porém, para sustentar sua decisão, Bretas citou trechos da Bíblia.
“Não obstante as considerações anteriores, considerando que o peticionário externa pedidos de escusas, e para que não paire nenhuma dúvida sobre o ânimo deste magistrado quanto às demais observações, esclareço que adoto como princípio de conduta o Princípio Cristão enunciado no Livro de Mateus, capítulo 18 versículos 21 e 22, que rezam: Senhor, até quantas vezes pecará meu irmão contra mim, e eu lhe perdoarei? Até sete? Jesus lhe disse: Não te digo que até sete, mas até 70 vezes sete”, citou Bretas.
A defesa de Cabral foi procurada para se pronunciar sobre a decisão, mas até a publicação desta matéria ainda não havia se posicionado. Cabral deve ser transferido, a qualquer momento, para Penitenciária Federal de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul.
Cabral está preso desde novembro do ano passado, após as investigações da Operação Calicute, desdobramento da Lava Jato que prendeu o ex-governador e várias pessoas ligadas a sua gestão no governo. Em maio ele foi transferido de Bangu 8, no Complexo Penitenciário de Gericinó, para a Cadeia Pública José Frederico Marques, no bairro de Benfica.