Neste mês das crianças e ainda neste domingo (29), Dia Nacional do Livro, por que não incentivar os pequenos a se interessarem pela Astronomia através da leitura de uma obra fascinante e visionária. Trata-se de “Da Terra à Lua”, romance de ficção científica do escritor francês Júlio Verne, publicado em 1865. Verne foi um pioneiro da escrita de ficção científica e a utilizava para disseminar a ciência. Se observarem a data verão que coisas que ele escreve, mesmo 104 anos antes de o homem chegar à Lua e 92 antes de ter início a exploração do espaço, são incríveis as coincidências. São elas: a descrição do módulo com três astronautas; o local de partida da nave, nos Estados Unidos, apenas a 30 km de distância de onde realmente sairia a Apollo 11 cerca de cem anos depois; o nome de alguns astronautas, como Michel Ardan, que é semelhante ao Michael de Michael Collins; e Ardan, ao do astronauta Edwin Aldrin.
A obra conta a saga do Gun Club (Clube do Canhão), uma organização americana especializada em armas de fogo, canhões e balística em geral, e da ideia de seus membros em construir um enorme canhão para arremessar um projétil de forma cilindro-cônica à Lua. É relevante e surpreendente que o autor citasse neste livro detalhes técnicos que somente seriam criados pela humanidade quase 100 anos depois, como: – uso de retrofoguetes para manobrar a nave e a descrição do módulo com 3 astronautas. Há ainda outras coincidências surpreendentes: – o telescópio nas montanhas rochosas na obra tem 5 metros de diâmetro, o atual telescópio, que foi feito muitos anos mais tarde, tem exatamente o mesmo diâmetro.
Na obra um aventureiro francês chamado Michel Ardan, de modos extravagantes, propõe que o projétil lançado seja tripulado e se apresenta como candidato a “astronauta”. Depois desta surpreendente proposta, dois dos membros do “Gun Club” também embarcam nesta “loucura”. Para que este empreendimento se realizasse, foram construídos um canhão, uma bala oca, e um telescópio, todos de dimensões impensáveis, a quantidade de pólvora usada também era de volumes impensáveis.
Depois de disparada, a bala quando se aproximou da Lua, em vez de alunissar (pousar em solo lunar), entrou em órbita da própria lua. Os três passageiros apenas tinham mantimentos para dois meses, ficando a saga em aberto. O futuro dos três astronautas, é descrito na obra Autour de la Lune (A volta da Lua), publicado quatro anos depois, ambos também são comercializados em um único livro. Esta obra distingue-se por estar bastante fundamentada em áreas da física e matemática da altura, mesmo para um leigo nestas áreas consegue extrair desta obra muitos conceitos fundamentais da mecânica clássica e do cálculo integral. A volta do módulo lunar pousando no oceano foi algo também previsto por Verne em A Volta da Lua, tal qual aconteceu com os módulos idealizados pela NASA. Aliás, na obra, o pouso do módulo ficou a apenas 4 quilômetros do local da amaragem do módulo da Apollo 11 em 1969.
Em 1889, Verne lançaria uma nova sequência: Sans dessus dessous, onde os membros do Gun Glub tentam mudar a inclinação da Terra. E suas “previsões” não param por aí. Em outra obra “Os Quinhentos milhões da Begum”, o escritor fala de um lançamento de satélite artificial. Mas foi só em 1957, oitenta anos depois da obra, que a União Soviética lança no espaço o primeiro satélite artificial, o Sputnik, que viajou a bordo do foguetão espacial Protão.
Quase 150 anos depois de serem descritas por Verne em Da Terra à Lua, as velas solares estão sendo projetadas pela NASA como uma forma de captar energia dos ventos solares. Essa tecnologia é vista hoje como uma das alternativas para as viagens interplanetárias.
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(Adriana Nascimento – Space News MT)