Motoristas de veículos mais poluentes vão começar a enfrentar uma nova taxa diária para dirigir na região central de Londres, um esquema apresentado nesta segunda-feira (23) que almeja melhorar a qualidade do ar em uma das cidades mais poluídas da Europa.
O prefeito de Londres, Sadiq Khan, disse que com a nova “taxa de toxicidade” – apelidada de “T-charge” – diária, Londres estabelecerá “o padrão de emissão mais rigoroso do mundo”
A tarifa de £ 10 (13,2 dólares) é adicional a uma taxa de congestionamento diária, de £ 11,50, e obedece um pedido da União Europeia para que a Grã-Bretanha reduza a poluição do ar.
Khan, que anunciou o novo encargo em fevereiro, disse que estava “determinado a tomar medidas urgentes para ajudar a limpar o ar letal de Londres”.
“A escala vergonhosa da crise de saúde pública que Londres enfrenta, com milhares de mortes prematuras causadas pela poluição do ar, deve ser tratada”, disse ele.
O imposto se aplica a todos os automóveis a gasolina e a diesel registados antes da introdução das normas ecológicas de emissões Euro 4, em 2005.
Mas o Transportes para Londres, órgão da Prefeitura responsável pelo sistema, disse que qualquer veículo registrado antes de 2008 pode ser taxado.
O organismo estima que 6.500 veículos por dia serão tarifados, cerca de 6,3% dos cerca de 103 mil que entram na zona de congestionamento.
Mesmo antes de entrar em vigor, o imposto teve um efeito dissuasivo – Khan disse que houve uma redução de 15% nos veículos tarifáveis que entram nesta área desde que o esquema foi anunciado.
Em fevereiro, a Comissão Europeia, emitiu um aviso a cinco Estados-membros, entre eles, a Grã-Bretanha, instando a tomarem medidas sobre a poluição automobilística, ou correrem o risco de irem parar no Tribunal de Justiça Europeu.
A Comissão disse que níveis “persistentemente elevados” de dióxido de nitrogênio causaram 70 mil mortes prematuras na Europa em 2013.
O gabinete do prefeito disse que 7,9 milhões de londrinos viveram em áreas que excedem as diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre a qualidade do ar tóxico.
– Novas medidas –
O RAC, um grupo automobilístico britânico, disse que o prefeito está certo em agir sobre os veículos mais antigos, “porque estes são mais propensos a serem os mais poluentes”.
Mas o porta-voz de política de estradas, Nick Lyes, advertiu que “os motoristas também podem se ver como um alvo fácil”.
Os motoristas de Londres pareciam divididos sobre iniciativa.
“Eu acho que é bom para reduzir a poluição do ar”, disse Tony Smith, 53, um motorista de remoção de resíduos, cujo veículo moderno não é afetado pela nova taxa.
Mas George Tamale, de 36 anos, um motorista de entrega de encomendas também não impactado pela “T-Charge”, questionou os motivos por trás dela.
“Eles só querem que as pessoas compram carros novos. Não é sobre o meio ambiente, é sobre economia”, afirmou.
Londres é a maior cidade do mundo a aplicar taxas de congestionamento, ao lado de Estocolmo, Milão e Gotemburgo.
Cingapura foi a pioneira e hoje possui o sistema de preços rodoviários mais abrangente, que planeja atualizar em 2020, incorporando a tecnologia GPS.
Um dos objetivos da nova tarifa é preparar os moradores de Londres para a aplicação da Zona de Emissões Ultra-Baixas no centro da capital britânica a partir de abril de 2019, nos planos do prefeito.