O delegado Flávio Stringueta, que conduz a investigação das interceptações telefônicas clandestinas em Mato Grosso, afirmou que o governador Pedro Taques (PSDB) tinha conhecimento do esquema dos grampos desde o período em que era senador, quando se candidatou ao Governo do Estado, em 2014.
“O então candidato ao governo, José Pedro Taques, tinha conhecimento, avalizou esses grampos e depois, enquanto governador, continuou mantendo isso de alguma forma através do seu secretário da Casa Civil, o Paulo Taques”, disse Stringueta em reportagem ao Jornal Hoje, da Rede Globo, divulgada nesta quinta-feira (19).
A acusação do investigador é embasada no depoimento prestado pelo cabo da Polícia Militar, Gerson Luiz Correa Junior, preso no dia 23 de maio suspeito de integrar o esquema. Durante interrogatório realizado pelos delegados Ana Cristina Feldner e Stringueta, nesta segunda-feira (16), Gerson resolveu contribuir com as investigações e confessou ter operado ilegalmente um sistema de escuta, em setembro de 2014.
Em suas declarações, ele também afirmou ter recebido R$ 50 mil reais de Paulo Taques, que foi coordenador jurídico da campanha de Pedro. A negociação foi intermediada pelos coronéis Evandro Lesco e Zaqueu Barbosa, que atuaram na Secretaria Casa Militar e no Comando Geral da Polícia Militar, ambos estão presos.
“Na ocasião o coronel Lesco adentrou a uma residência e veio de lá com um montante de R$ 50 mil, que foi repassado pelo senhor Paulo Taques”, relata o cabo. Entre os telefones grampeados estavam os de adversários político do tucano, como jornalistas, empresários, políticos entre outros.
Os nomes eram levados por Zaqueu Barbosa. “Obviamente que ele me orientou para realizar o acompanhamento online dessas pessoas nesse período que antecedia o pleito eleitoral de 2014”, disse Gerson.
Tais informações prestadas pelo cabo deram indícios, segundo o delegado, de que Taques tinha conhecimento do esquema criminoso.
A assessoria do Governo disse que o governador não fala sobre o caso porque não foi citado pelo cabo Gerson, mas que ele nega o conhecimento dos grampos no Estado. As defesas de Paulo Taques e Lesco disseram que não se manifestam sem conhecer oficialmente o depoimento do cabo. A defesa de Zaqueu não foi localizada.