O ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça), Ribeiro Dantas, aponta o ex-chefe da Casa Civil, Paulo Taques, com protagonista no esquema de grampos telefônicos coordenado pela Polícia Militar em Mato Grosso.
Em julgamento do habeas corpus (HC), o ministro diz que os dados que embasam a decisão do desembargador Orlando Perri de prisão preventiva “demonstram” vinculo Taques com o “grupo criminoso”, apontado como articulador de montagem das escutas, desde a criação do Núcleo de Inteligência da Polícia Militar.
Segundo o desembargador Orlando Perri, os militares envolvidos nos casos são membros do alto escalão da PM e tinham relação direta com a Casa Civil.
“De uma análise perfunctória dos autos, observa-se que há dados que demonstram o vínculo do paciente [Paulo Taques] com o grupo criminoso, desde a criação do ‘Núcleo de Inteligência’ da Polícia Militar, responsável pelo início dos grampos ilegais. Como posto no decreto constritivo, ‘é incontestável mesmo que o investigado Paulo César Zamar Taques se apresenta – pelo menos diante dos elementos informativos até agora obtidos – como um dos principais protagonistas do grupo criminoso, e maior beneficiário das escutas telefônicas clandestinas’”, diz ministro.
A identificação do vínculo de Taques com o grupo coordenador dos grampos telefônicos levou o ministro a rejeitar o pedido de liberdade apresentado na semana passada pela defesa do ex-gestor. O pedido havia sido protocolado no dia 3 de outubro.
Paulo Taques foi preso no dia 27 de setembro na Operação Esdras, que desarticulou o núcleo da organização criminosa que, segundo o Tribunal de Justiça, agia para atrapalhar as investigações sobre as interceptações telefônicas clandestinas em Mato Grosso.
Além de Paulo Taques, foram presos o coronel da PM Airton Benedito Siqueira Junior (ex-secretário de Justiça e Direitos Humanos), o ex-secretário da Casa Militar Evandro Lesco, sua mulher Helen Christy Carvalho Dias Lesco, o sargento da PM João Ricardo Soler, o major da PM Michel Ferronato, o secretário afastado de Segurança Pública, Rogers Elizandro Jarbas, e José Marilson da Silva.
De acordo com a Polícia Civil, a Operação Esdras foi deflagrada para impedir que a organização criminosa executasse planos de obstrução da Justiça na investigação dos casos. As investigações apontam que o grupo tentava atrapalhar as apurações de grampos telefônicos com cooptação e coação de policial militar integrante no inquérito, para conseguir imagens e áudios do desembargador Orlando Perri, que pudessem ser deturpadas e usadas para pedir sua suspeição do magistrado do caso.
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