O presidente da Assembleia Legislativa, Eduardo Botelho (PSB), disse nesta quinta (28) não existir “clima de tensão” entre os Poderes. Ele afirmou que Executivo, Legislativo e Judiciário passam por crises paralelamente, mas distintas entre si.
“Os problemas que afetam os Poderes são diferenciados. As questões administrativas relacionadas às instituições estão acima das questões individualizadas. Na reunião [ontem, no Palácio Paiaguás] ficou pacificado que não existe nenhum clima de tensão entre os poderes. Isso ficou claro”.
Botelho afirmou que os problemas não tem vínculo entre as ações dos Poderes e classificou a situação como questões pessoais. “Se teve grampo, se alguém fez, ele que tem que responder, não é o governo do Estado, não é a estrutura governamental e não é o Executivo”.
Apesar de negar conflitos, embate entre o governador Pedro Taques (PSDB) e o desembargador Orlando Perri tem se intensificado nos últimos sete dias, intervalo em que quatro secretários de Taques, três por ordem do desembargador, foram presos, além do ex-chefe da Casa Civil, Paulo Taques, primo do governador.
As prisões ocorreram em desdobramento de investigações de grampos telefônicos, investigados pela Polícia Civil e o Ministério Público do Estado. Em decorrência do inquérito do Ministério Público, o secretário Evandro Lesco, disse que alguns promotores teriam participação na suposta fraude investigativa.
A declaração levou o procurador-geral do Estado, Mauro Curvo, a classificar a atitude de Lesco de “canalhice”, com a intenção de “manchar” as investigações do Ministério Público.
Em acusações diretas, o governador Pedro Taques disse que a decisão do desembargador Perri de afastar o secretário Rogers Jarbas (Segurança Pública), na semana passada, do cargo, foi tomada como medida de “retaliação” e “perseguição” ao seu governo.
Em sua entrevista nesta quinta, Botelho descartou a possibilidade de as denúncias e prisões do primeiro escalão do governo afetarem e fragilizarem o andamento do Executivo na Assembleia, como a PEC do teto dos gastos.
“Não fragiliza. Ações como, por exemplo, as obras em infraestrurua, de saúde e da caravana da transformação estão a pleno vapor, e não podem parar. A vida é assim, sai uma pessoa e outra entra. Aqui, na Assembleia, é assim, e no governo não seria diferente”.
O parlamentar também negou que o governo Taques esteja saindo dos trilhos em função da “crise dos grampos”.
“Prender pessoas gera impacto, mas não ao ponto de paralisar os trabalhos do governo. Mesmo porque o cérebro do governo, a área econômica e a de planejamento, não foi atingido. Essas áreas estão livres de quaisquer suspeitas.
Em uma situação mais isolada, a Assembleia Legislativa enfrenta a crise da delação premiada do ex-governador Silval Barbosa. Desde a divulgação de denúncias, há mais de um mês, as atividades no Legislativo estão se arrastando na lentidão.