Política

Oficial da PM foi coagido para realizar escuta ilegal em Orlando Perri

Buscando desqualificar as ações e denúncias da “grampolândia Pantaneira” realizadas pelo desembargador do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, Orlando Perri, o tenente-coronel da Polícia Militar, José Henrique Costa Soares, teria sido coagido para que realizasse escuta ilegal no desembargador, com equipamento espião instalado em sua farda.

A denúncia do esquema ilegal foi realizada em depoimento do próprio tenente-coronel Soares, a delegada que está à frente das investigações, Ana Cristina Feldner. Segundo o relato, o major PM Michel Ferronato, a pedido do secretário de Justiça e Direitos Humanos, coronel PM Airton Benedito de Siqueira Júnior, foi o responsável por ordenar que Soares realizasse as escutas ilegais em Perri, a fim de desqualifica-lo e evitar a aplicação de qualquer medida contrária aos interesses do Secretário de Estado de Segurança Pública, Rogers Elizandro Jarbas.

Para realizar tal intervenção contra o desembargador Orlando Perri, seria utilizado na farda de Soares, um apetrecho espião. Tal equipamento foi instalado pelo sargento João Ricardo Soler, que também ensinou o tenente-coronel como manusear o equipamento que possuía câmera e microfones embutidos.

“Assim, o denunciante apresentou suas duas fardas (a de instrução e a de expediente) para o Sgto PM Soler, tendo o sargento ficado responsável por implantar o equipamento de captação de áudio e imagem, o que foi feito e entregue para o denunciante na noite do dia 12/09, no pátio da Assembleia Legislativa, no último patamar do estacionamento, pois assim teriam a visão completa para evitar que alguém se aproximasse (contramedida adotada), o que demonstra mais uma vez a enorme capacidade de articulação dessa organização criminosa”.

E para que o plano fosse eficaz, outra peça fundamental na ação, foi o corregedor da PM, coronel Carlos Eduardo Pinheiro da Silva, que ordenou que o uniforme utilizado pelos policiais da corregedoria, fosse o de instrução, e não mais o de passeio, como sempre foi utilizado.

“A medida adotada pelo Corregedor da PMMT justificaria o Ten.-Cel. PM Soares usar a farda de instrução, o que abriria as portas para obtenção do resultado criminoso pretendido, que não era outra senão a captação de imagens e áudios deste Relator, para provocação da abjeta suspeição”, diz decisão da decisão de Orlando Perri nesta quarta-feira.

Em troca da escuta ilegal, segundo o tenente-coronel, ele poderia até ser promovido a patente maior da instituição, que é o posto de coronel em abril. A possível promoção foi garantida a ele, durante uma caminhada no Parque Mãe Bonifácia com o major Ferronato.

“Isso já no domingo pela manhã, algo em torno, por volta das, senão me engano, dez horas, se não me falha a memória. E nessa conversa, ele mencionava, começou a conversa falando da garantia da promoção, que a previsão era de que haveria com certeza três vagas, em abril, e uma delas seria minha, caso eu fizesse nessa semana como se pretendia fazer, a exibição e a exposição da imagem do desembargador”, consta no depoimento a delegada Ana Cristina.

A exposição do desembargador, seria feita pelo equipamento instalado em sua farda, como consta no vídeo, que o site Mídia News teve acesso (Veja abaixo).

O tenente-coronel Soares desconfiado da ação da “organização criminosa”, assim chamada por Orlando Perri decidiu não participar do esquema de escuta ilegal contra o desembargador, e procurou a delegada para prestar depoimento, tal fato gerou desconfiança e ameaça pelos “cabeças” do grupo.

A ameaça surgiu após um almoço na casa do coronel Evandro Lesco, depois que o mesmo recebeu uma ligação do secretário Rogers Jarbas, o que mudou totalmente o clima de cordialidade que havia inicialmente.

“Segundo narrado pelo Ten.-Cel. PM Soares, no começo do encontro o comportamento do Cel. PM Lesco foi amistoso. Posteriormente, após o Cel. PM Lesco receber uma ligação – ao que tudo indica – do Secretário de Segurança Pública, Rogers Elizandro Jarbas, o tratamento, que antes era cordial, modificou-se radicalmente, verbis”.

“Consoante acima assinalado, naquele mesmo dia, pela manhã, o Ten.-Cel. Soares se encontrou com o Maj. PM Ferronato no Parque Mãe Bonifácia, e, durante a caminhada, o Maj. PM Ferronato percebeu que o Ten.-Cel. Soares portava celular, e havia um prévio acordo entre eles de que nenhum dos dois poderia utilizar tal aparelho. Provavelmente, o Maj. PM Ferronato passou esta informação, por si ou por terceiros, ao Secretário de Estado de Segurança Pública, Rogers Elizandro Jarbas, levantando suspeitas quanto ao comportamento do Ten.-Cel. Soares, que, por sua vez, as transmitiu ao Cel. PM Lesco, ainda durante o almoço que estava tendo com o Ten.-Cel. Soares, em sua residência”.

Segundo Soares, essa mudança repentina de tratamento causou medo por ele e por sua integridade física, e então o mesmo, se apossou do celular do coronel Lesco e de sua esposa, sem que o casal percebe-se, para que ele pudesse colher provas e trazer veracidade ao seu depoimento junto a delegada, que está a frente das investigações da grampolândia. O ato gerou ameaça contra a vida de seu filho.

Depois de reter os celulares do casal, a esposa do coronel Lesco, Helen Lesco, utilizou o telefone de Samira Martins ex-primeira dama do estado para falar com Soares e reaver seus aparelhos, mediante ameaça.

“Momento depois […] eles ligam do telefone da Dra. Samira. Primeiro a Samira liga, conversa comigo, depois a Helen, eles pedem a localização de casa, pergunta se estou casa, pede a localização, ato contínuo também o Lesco liga para mim e fala: ‘olha, não sei se você pegou meu celular, porque só pode ter sido você, os dois celulares daqui sumiram, eu não sei se foi você, mas só pode ter sido você, porque só você esteve aqui. Eu não sei se você pegou por má-fé ou se você pegou por distração. Eu só quero saber o seguinte, devolva, porque seu filho está correndo risco de vida’.

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