Jurídico

Secretários e ex-secretários de Estado são presos por atrapalhar investigação de grampos

A Polícia Civil iniciou na manhã desta quarta-feira (27) o cumprimento de mandados de prisão, busca e apreensão, condução coercitiva e medida restritiva relacionados ao esquema conhecido como "grampolândia pantaneira". Entre os alvos estão o ex-chefe da Casa Civil, Paulo Taques, o secretário de Justiça e Direitos Humanos, coronel Airton Siqueira, secretário de Segurança afastado, Rogers Jarbas, e o ex-secretário da Casa Militar, Evandro Lesco.

Os mandados foram autorizados pelo desembargador Orlando Perri, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJ-MT), a pedido da delegada responsável pelo inquérito, Ana Cristina Feldner, da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO).

Os outros quatro alvos de mandado de prisão preventiva são dois membros da Polícia Militar que atuavam no serviço de inteligência, sargento João Ricardo Soler e major Michel Ferronato, a mulher de Lesco, Helen Christy Carvalho Dias Lesco, e o empresário José Marilson da Silva, ex-dono da empresa Simples IP que fornecia sistema de segurança sentinela ao Governo.

Ao todo são oito mandados de prisão,  uma condução coercitiva, uma fixação de medidas restritivas e 16 de busca e apreensão. Todos os detidos foram encaminhados ao Fórum de Cuiabá para passarem por audiência de custódia.

As buscas foram realizadas em vários pontos da Capital, entre eles na casa e escritório de Paulo Taques, Marciano Xavier Neves, na residência do casal Lesco, Soler, Ferronato, Jarbas, Siqueira, José Marilson, e José Renato Martins da Silva.

Também foram alvo das buscas as dependências da Casa Militar, no Palácio Paiaguás, e o gabinete do coronel Siqueira, além das empresas Simples IP e S3S Telecom e TI, Auto Posto Bom Clima, no bairro Jardim Monte Líbano, e Auto Posto Gold, no bairro Despraiado.

Políciais fizeram a apreensão de alguns eletrônicos
na residência de Lesco

Entre as apreensões estavam inclusos o recolhimento de documentos, aparelhos celulares, notebooks, HDs, pen drive, incluindo imagens do circuito interno de televisão e material de espionagem, como óculos, chaveiros, canetas e broches.

O Circuito Mato Grosso esteve no Complexo Miranda Reis, onde a Polícia Civil tem encaminhado todas as apreensões, e acompanhou a chegada de aparelhos eletrônicos trazidos da casa do coronel Lesco.

A ação foi denominada de Operação Esdras. 

Arapongagem em MT

A existência de suposta central clandestina de grampos telefônicos em Mato Grosso veio à tona no 11 de maio, quando o governo do Estado anunciou a exoneração do ex-chefe da Casa Civil Paulo Taques. Sua saída foi anunciada como um acordo entre Paulo e seu primo, o governador Pedro Taques, para que o homem forte do Executivo deixasse o Palácio Paiaguás e cuidasse pessoalmente das investigações envolvendo a suposta “arapongagem”.

No dia 23 de maio, o juiz Marcos Faleiros, da 11ª Vara Criminal Especializada em Crimes Militares de Cuiabá, determinou a prisão preventiva do ex-comandante-geral da Polícia Militar, coronel Zaqueu Barbosa, que teria atuado não só como mandante, mas como o responsável por manter contato pessoal com magistrados para viabilizar a quebra de sigilo telefônico ilegal em Mato Grosso.

O cabo da Polícia Militar, Gerson Luiz Ferreira Golveia Junior – integrante do Núcleo de Inteligência da PM e teria assinado alguns pedidos de grampos à Justiça -, também foi preso.

O caso até então investigada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), após denúncia do ex-secretário de Estado de Segurança Pública (Sesp), o promotor de Justiça Mauro Zaque, apontou que membros da Polícia Militar aproveitaram uma investigação relacionada ao tráfico de drogas na região de Cáceres (177 km de Cuiabá), para inserir números telefônicos de políticos adversários ao governo, médicos, advogados, jornalistas, servidores públicos e até desembargador aposentado de Mato Grosso, em um pedido de quebra de sigilo.

O requerimento para as interceptações teria sido encaminhado ao MPE, que por sua vez formalizou a solicitação à Justiça estadual. A autorização teria partido do juiz Jorge Alexandre Martins Ferreira, que não teria tido conhecimento de que nem todos os números relacionados pela PM estavam relacionados com o crime tratado no processo.

As escutas ilegais teriam começado no período das eleições de 2014, quando Silval Barbosa (PMDB) ainda era governador e Taques disputava as eleições. Em 2015, novos nomes foram incluídos nas escutas.

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Redação

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