Política

Maggi deu R$ 3 milhões para comprar testemunha, diz MPF

O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, pagou metade de um total de R$ 6 milhões para fazer com que o ex-secretário de Fazenda de Mato Grosso, Éder Moraes Dias, mudasse o teor dos depoimentos que havia dado ao Ministério Público Estadual na Operação Ararath, em 2014.

A afirmação é sustentada pelo Ministério Público Federal em pedido que fez ao STF (Supremo Tribunal Federal) para que fosse realizada busca e apreensão nos imóveis do ministro. A ordem foi dada nesta quinta-feira (14) pelo ministro Luiz Fux. O documento foi divulgado pelo jornal O Estado de S. Paulo.

Dias foi preso em 2015 em uma investigação de lavagem de dinheiro e crimes contra o sistema financeiro.

“O segundo fato narrado pelo Parquet [MPF] consiste na ação do investigado Blairo Maggi voltada a ‘comprar’ a retratação de Éder Moraes Dias dos termos das declarações prestadas perante o Ministério Público do Estado de Mato Grosso, durante tratativas para firmar acordo de colaboração no âmbito da Operação Ararath, em 2014”, narrou Fux.

Ainda de acordo com o despacho do ministro, “acordou-se o pagamento de R$ 6 milhões, dos quais metade seria paga por Silval Barbosa [ex-governador de MT] e a outra metade por Blairo Maggi”.

Consta ainda que “Éder de Moraes Dias, depois dos pagamentos recebidos dos interessados Silval Barbosa e Blairo Maggi, efetivamente veio a se retratar dos depoimentos em que os incriminava”.

Ainda segundo o Ministério Público Federal, "entre 2014 e 2017, Blairo Borges Maggi, valendo-se de interpostas pessoas, a exemplo de Gustavo Adolfo Capilé e José Aparecido dos Santos, vem praticando atos que caracterizam obstrução de investigação criminal no bojo da Operação Ararath, a fim de que não fossem produzidas provas em seu desfavor referentes aos crimes" de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

No mês passado, o STF abriu inquérito para investigar Maggi como chefe da organização criminosa que agia no Mato Grosso.

A operação contra Maggi foi realizada após o ex-governador do Mato Grosso e ex-aliado de Maggi, Silval Barbosa (PMDB), acusar o atual ministro e ex-aliado de ser o chefe de um esquema de corrupção no Estado, entre 2007 e 2010, época em que Maggi era governador. Barbosa fechou delação premiada com a PGR (Procuradoria-Geral da República), comprometendo-se a pagar multa de R$ 70 milhões.

Outro lado

Em nota, o ministro diz  que "nunca houve ação, minha ou por mim autorizada, para agir de forma ilícita dentro das ações de governo ou para obstruir a Justiça. Jamais vou aceitar qualquer ação para que haja 'mudanças de versões' em depoimentos de investigados. Tenho total interesse na apuração da verdade".

O ministro ratificou, na nota, que não houve pagamentos feitos ou autorizados por ele ao ex-secretário Eder Moraes (que seria operador do esquema) para acobertar qualquer ato, "conforme aponta de forma mentirosa o ex-governador Silval Barbosa em sua delação".

Redação

About Author

Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

Você também pode se interessar

Política

Lista de 164 entidades impedidas de assinar convênios com o governo

Incluídas no Cadastro de Entidades Privadas sem Fins Lucrativos Impedidas (Cepim), elas estão proibidas de assinar novos convênios ou termos
Política

PSDB gasta R$ 250 mil em sistema para votação

O esquema –com dados criptografados, senhas de segurança e núcleos de apoio técnico com 12 agentes espalhados pelas quatro regiões