Opinião

Análise de conteúdo

 

Demorou. Após a abertura dos (longos) trabalhos, travar, pausar, voltar, enjoar, precisar de ar, mais ar e… começar de novo. Parecia que nunca ia terminar. Definitivamente, para quem encarou, se não uma tarefa agradável, muito esclarecedora. Foi nessa levada inconstante e cheia de mal-estar a leitura – obrigatória – dos documentos liberados pelo Ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal, contendo a delação premiada do ex-governador Silval Barbosa, família e assessoria.

A monstruosa pacoteira trouxe uma série de fatos e mídias contundentes. Eram tantas informações que o material acabou sendo fatiado em matérias destrinchadas e distribuídas pelos meios de comunicação de Mato Grosso. Caso típico de aplicação da máxima popular “vamos por partes, como já dizia o esquartejador”. No conteúdo explosivo informações para todos os gostos e vertentes. Daria para publicar várias edições de material inédito puxando a brasa para a sardinha do vizinho, deixando uns para mais tarde e diluindo informações comprometedoras no meio da meada apresentada.

Isso foi um aspecto. Outro foi a reação dos citados, alguns com a marca de “corrupto” carimbada através das imagens e gravações estarrecedoras que vieram a público. Como bem salientou o publicitário Mauro Cid em seu artigo “O silêncio que incomoda”, publicado no último final de semana, faltam “argumentos” e explicações. Que “artistas” esses, da incrível peça que, infelizmente, não é de ficção. Vejam quem, diz a Procuradoria Geral da República, protagoniza o espetáculo.

“…Entre os agentes políticos, destaca-se a figura de BLAIRO BORGES MAGGI, o qual exercia incontestavelmente a função de liderança mais proeminente na organização criminosa, embora se possa afirmar que outros personagens tinham também sua parcela de comando no grupo, entre eles o próprio SILVAL BARBOSA e JOSE GERALDO RIVA.

Embora seja difícil estabelecer um marco temporal preciso para o início das atividades do grupo criminoso, é fato que, desde a gestão de BLAIRO MAGGI no governo do Mato Grosso, a organização já utilizava financiava-se com recursos de operadores financeiros para atingir seus fins ilícitos. Na época, já era corrente o pagamento de propinas a integrantes do Poder Legislativo e do Tribunal de Contas do Estado, de modo a garantir a harmonia no funcionamento do ecossistema delitivo entranhado nas estruturas do Estado.

E mais. Um dos principais articuladores do esquema, EDER DE MORAES DIAS, já atuava sob o comando de BLAIRO MAGGI. SILVAL DA CUNHA BARBOSA, sem embargo da extrema gravidade das condutas por ele praticadas, apenas deu continuidade ao esquema iniciado no governo de seu antecessor. Vale aqui destacar que, mesmo sob a gestão de SILVAL BARBOSA, a liderança e influência de BLAIRO MAGGI era presente e se fazia valer.

Com efeito, uma das condições para que SILVAL DA CUNHA BARBOSA obtivesse o apoio de BLAIRO MAGGI e de seu grupo político para concorrer a cadeira de Governador do Estado nas eleições de 2010 foi assumir as dívidas deixadas por ele perante os operadores financeiros e arranjar meios para saldá-las – por intermédio dos diversos esquemas de corrupção e desvio de recursos narrados pelos colaboradores.” Págs. 749/750

Trecho da petição número 7.085/DF do Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, do Ministério Público, para o relator do processo de delação premiadade Silval Barbosa, Ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal, págs. 749/750.

Em tempo: Rodrigo Janot deixa claro ao final da petição que não pretende, momentaneamente, desmembrar os 7 casos narrados. O que significa que outros, muitos outros, poderão surgir.

A pesquisar: o que contérá o documento de mídia do estacionamento, anexada no processo na página 545 e acautelado pelo Ministro Luiz Fux no cofre da Corte?

*Valéria del Cueto é jornalista, fotógrafa e gestora de carnaval. Essa crônica faz parte da série “Parador Cuyabano” do SEM   FIM…  delcueto.wordpress.com

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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