O prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), negou nesta segunda-feira (4) que tenha intenção de deixar seu partido.
"Não tenho intenção de deixar o PSDB, embora tenha recebido quatro convites, o que me deixou muito satisfeito", disse, em referência à entrevista publicada pelo jornal "O Estado de S. Paulo", em que ele admitiu a possibilidade de não continuar na sigla "caso alguma circunstância o impeça". "Em relação ao futuro, cabe a Deus indicar, iluminar e definir qual é o destino", afirmou ao jornal.
Na saída de um evento promovido pela revista Exame em São Paulo, Doria voltou a dizer que não disputaria com o governador paulista e seu padrinho político, Geraldo Alckmin, as prévias que definirão o candidato do partido nas eleições para a Presidência da República em 2018. Questionado se, portanto, não se candidatará ao Planalto, respondeu: "Veremos. No momento, sou prefeito. Temos tempo ainda, muita água vai rolar debaixo dessa ponte".
Sobre a fala anterior de Alckmin, segundo quem "o novo na política é falar a verdade", Doria disse que tem "falado e praticado a verdade".
"Eu serei candidato no dia em que me manifestar claramente e tiver apoio de um partido, mas mesmo assim estamos falando do futuro, não do presente", afirmou.
Doria disse que não existe uma disputa "nem velada nem revelada" com Alckmin. Aliados do governador, no entanto, desdenham das declarações públicas do prefeito negando intenção de disputar o Planalto.
CONSTRANGIMENTO
Em palestra na qual reeditou o discurso da campanha de 2016, Doria exaltou o fato de não ser citado na Lava Jato nem ter recebido doação de empresas investigadas.
Abruptamente, porém, ele disse que não queria falar do assunto. Alckmin é acusado de ter recebido caixa dois da Odebrecht. Ele nega.
"[Não tenho] Nada a esconder, nada a colocar debaixo do tapete, não tenho Lava Jato, não tenho investigação, não recebi dinheiro de JBS, não recebi dinheiro de Odebrecht. Nada contra os que, eventualmente… Enfim. Não quero falar sobre essas outras coisas. Eu não tive isso e financiei parte substancial da minha campanha", afirmou Doria em palestra nesta segunda-feira (4).
No evento da revista Exame, Doria falou por 37 minutos sobre sua trajetória, as dificuldades que supostamente superou no início da vida adulta até conquistar o que considerou uma carreira de sucesso na iniciativa privada.
Afirmou que deixou a "zona de conforto" por um senso de patriotismo.
"Sou um lutador, um guerreiro. Mais do que tudo, eu amo o país. Sou brasileiro, apaixonado pelo Brasil", afirmou o tucano.
"Tomei essa decisão de disputar eleição -não precisava. Na atividade empreendedora, tudo eu conquistei com trabalho e honestidade."
A mesma narrativa foi a tônica de sua campanha. Ao final da palestra nesta segunda, ele tocou o hino da vitória de Ayrton Senna, que marcou seus atos na eleição municipal. Discursou em pé e atacou o ex-presidente Lula e o PT.