Justiça do Rio ouve nesta segunda-feira (4) oito testemunhas do processo em que acusa o ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB), secretários e empreiteiros de desvios em obras públicas como as de urbanização do PAC Favelas e de remodelação do Estádio do Maracanã. Um dos delatores afirmou que a divisão do percentual da obra do estádio já estava decidida antes da licitação.
A audiência previa o depoimento de colaboradores que foram executivos da Andrade Gutierrez como Rogério Nora de Sá, e Clóvis Renato Numa Peixoto Primo. Em fevereiro, eles acusaram Cabral de pedir uma "colaboração" de 5% do valor da obra.
Primeiro a ser ouvido nesta segunda, Nora disse que conheceu Sérgio Cabral (PMDB) durante a campanha para o governo do Estado em 2006, quando teriam sido feitos os primeiros pagamentos ao político. Em um encontro na residência do governador recém-eleito, teria sido feito um outro pedido.
“Assim que ele entrou no governo, em 2007, houve solicitou para que as empresas fizessem contribuição de R$ 350 mil mensais, a título de adiantamento até que houvesse contratos que pudessem ser ressarcidos”.
Nora afirmou que a participação das empreiteiras na obra do Maracanã foi decidida “antes da licitação”. Ele disse também que se questionou porque a Andrade Gutierrez, que era “maior do que a Delta”, ficou com uma participação menor do que a empresa de Fernando Cavendish, apontado como amigo íntimo de Sérgio Cabral.
“O governador disse que não poderia mudar a participação da Delta, de 30%, e que nos entendêssemos com a Odebrecht para que a nossa participação ficasse dentro da participação da Odebrecht, de 70%. Ficou dito que essa obra teria o que chamei de colaboração [para o governador] e foi corrigido para propina, de 5% dos valores faturados. (…) Ficamos com 30% dos 70% da Odebrecht, ou seja, 21% do percentual todo da obra”.