O governo empenhou em agosto R$ 199 milhões em emendas parlamentares, valor bem menor do que os R$ 2 bilhões empenhados em junho e os R$ 2,2 bilhões de julho, meses em que tramitou no Congresso a denúncia por corrupção passiva contra o presidente Michel Temer. Os números constam da base de dados do Senado.
As emendas parlamentares são recursos previstos no Orçamento, cuja aplicação é indicada por deputados e senadores. O dinheiro tem de ser empregado em projetos e obras nos estados e municípios. Quando ocorre o empenho, o valor da emenda fica registrado em "contas a pagar", e o Executivo é obrigado efetuar o pagamento até o ano seguinte.
Com a aprovação do orçamento impositivo, em 2015, o governo passou a ser obrigado a liberar todo ano a verba prevista para as emendas. No entanto, o Palácio do Planalto pode decidir como fará a distribuição ao longo dos meses.
Na época da votação da denúncia contra Temer, que foi rejeitada pelo plenário da Câmara, parlamentares da oposição acusaram o presidente de trocar liberação de emendas por apoio político. O Planalto respondeu que não havia relação entre os fatos e que finais de semestre são períodos em que "tradicionalmente" há maior empenho de emendas.
De janeiro a maio, as emendas empenhadas somaram R$ 102,5 milhões (veja no gráfico abaixo o valor em cada mês).
G1 entrou em contato com a assessoria da Presidência e até a última atualização desta reportagem aguardava uma resposta sobre a queda no empenho de emendas no mês passado.
Pagamentos
Se, por um lado, agosto teve um valor de emendas empenhadas quase R$ 2 bilhões abaixo de junho e julho, por outro foi o mês em que o governo mais executou os gastos. Ou seja, foi quando mais as emendas foram efetivamente pagas.
Ao longo de todo ano, R$ 896 milhões em emendas foram executados. Desse montante, R$ 826 milhões foram só em agosto.
Expectativa de nova denúncia
Pouco mais de um mês depois de a Câmara barrar a denúncia por corrupção passiva, o presidente Michel Temer pode se ver novamente às voltas com uma acusação da Procuradoria Geral da República.
Existe no meio político a expectativa de que o procurador-geral, Rodrigo Janot, apresente nos próximas dias uma nova denúncia contra o presidente, baseada, assim como a primeira, em fatos narrados nas delações de executivos da J&F, dona da JBS. Janot deixa o mandato à frente da PGR no próximo dia 17, por isso tem esta semana e a outra para denunciar Temer.