O governador Pedro Taques (PSDB) disse que o seu antecessor no cargo, Silval Barbosa (PMDB) “roubou” R$ 1 bilhão do Estado entre 2010 e 2014, período da gestão como substituto de Blairo Maggi e de eleito como para o governo.
Em entrevista ao jornal Estado de S. Paulo, Taques afirma que apropriação por meio de desvio de dinheiro ocorria até em compra de carpete da sala da governadoria. Taques ainda criticou o acordo de delação premiada, que, ele sugere, beneficia Silval Barbosa.
“O cara rouba R$ 1 bilhão e vai devolver R$ 76 milhões e joga os inimigos políticos dele. Imagine! Como fica? O crime não pode compensar. O cara rouba um bilhão e devolve 76 milhões e vai ficar dois anos em prisão domiciliar na sua cobertura. Dois anos preso e joga para cima de todo mundo. Não podemos criminalizar a política através da delação.”
“O tapete da sala que eu ocupo era diferente do tapete de uma semana atrás. Roubou o tapete! Ele roubava dinheiro de criança. Ele roubou 1 bilhão de reais. Ele me entregou o Estado com R$ 84 mil. Ontem [31 de agosto], sabe quanto o Estado tinha na conta? R$ 300 mil”.
Taques afirma que os casos citados em delação premiada de Silval foram colhidos sem provas contra os personagens envolvidos, o que, diz, gera crime político contra inocentes. Ele citou como exemplo o suposto financiamento de R$ 20 milhões pedidos para sua campanha de 2014.
“Eu lutei para ser governador. Pedi voto, precisei da imprensa. Agora, liberdade, com responsabilidade. Eu não posso ser responsabilizado politicamente por um fato que eu não fiz. O tempo do processo é um tempo mais demorado que o tempo da política. Os meus adversários vão usar isso em eleições daqui até 100 anos. E eu vou ter que provar que não peguei esse dinheiro. Como eu vou provar fato negativo? Eu não provo. Hoje, no Brasil, estamos fazendo o seguinte: O cara faz a delação e vira santo. Ele não é santo. É um vagabundo que roubou o Estado.”
O governador também negou que tenha negociado blindagem a Silval Barbosa em troca do financiamento milionário para a campanha. Ele diz que Silval fez um pedido diretamente a ele no dia em que tomou posse.
“Eu fui às 10 horas da noite receber o Palácio (Paiaguás). Ele estava sentado na cadeira de governador, só nós no Palácio, e ele disse: ‘Pedro, você não vai me perseguir, né?’ Eu falei: ‘cara, eu não tenho nada, não sou promotor’. Agora, eu vou fazer o que precisa ser feito”.
Os dois casos são citados em delação premiada de Silval Barbosa com a Procuradoria Geral da República (PGR). Os supostos acordos teriam ocorrido em reunião entre Silval, Taques, Mauro Mendes (PSB), ex-prefeito de Cuiabá, e Blairo Maggi (PP), à época senador e hoje ministro da Agricultura.