Nunca foi fácil incentivar a Ciência no Brasil e em Mato Grosso não é diferente. Contudo, urge que a sociedade se mobilize no fortalecimento do incentivo educacional nesta área e, em conjunto com suas instituições, ajude a fazer esse propósito crescer sem perder a oportunidade de descobrir novos talentos nessa área. Infelizmente, nesse cenário de falta de fomento é que está o Museu Interativo de Ciências da Unemat, em Cáceres.
O local possui equipamentos adquiridos para experimentação e de astronomia (telescópios) e um acervo de experimentos construídos pela equipe do projeto projetados para oferecer aos acadêmicos, docentes, professores e alunos da rede pública e ao público em geral o acesso ao conhecimento científico por meio de exposições permanentes e itinerantes. Utiliza como metodologia nas exposições a experimentação e a observação interativa. Nesse conceito de realizar exposições com um caráter interativo em todas as atividades, com participação do visitante, é que a simples observação de um fenômeno, não traz, muitas vezes, nem sequer a compreensão de que ali existe um fenômeno. Isto é praticado na maioria dos Museus de Ciências, onde o usuário observa passivamente a experiência sem pensar na possibilidade ou necessidade de olhares diferentes! Em atividades como ilusões ópticas, luz polarizada, olho mágico e muitas outras, são exploradas a necessidade do olhar educado, instruído, como ferramenta de percepção e de descoberta do fenômeno oculto pela nossa ignorância em "saber" observar.
Neste museu a ciência astronômica é estudada através do "Espaço Astronomia", que contém, em sua concepção, telescópios, carta náutica, luneta, gnômon e o Planetário que é um equipamento confeccionado em um domo de lona Inflável com 9 m de diâmetro onde os visitantes têm acesso à simulação do céu estrelado, em diferentes latitudes, o movimento de rotação da Terra e viajar pelo Espaço Sideral, conforme explica o professor coordenador, Marcos Borges.
Todavia, o uso deste espaço, segundo ele, está comprometido. "Ainda existe, mas estamos com problemas de recursos para a manutenção dos equipamentos. Temos telescópios e um planetário inflável que necessitam de reposição de peças. Conseguíamos mantê-lo por meio de projetos financiados pelo CNPq, mas, nos últimos anos não foram abertos editais para este fim e a Universidade também não possui recursos para a manutenção", lamenta o professor. Ele indica que também há falta de pessoal para atuar na área de astronomia. Por isso, no momento, o espaço não tem feito atividades com a comunidade.
"Só para ter uma ideia, realizamos desde 2012, a Mostra de Iniciação Científica no Pantanal, neste evento, alunos na faixa etária de 7 a 17 anos das escolas do município de Cáceres apresentam os resultados de suas pesquisas. Este ano, estão inscritos a participar 166 trabalhos que serão apresentados por 664 alunos da rede de ensino, orientados por 72 professores, o financiamento que conseguimos junto ao CNPq foi de apenas R$ 10 mil, recurso que não dá nem para pagar as despesas mínimas. A Unemat/Cáceres, o IFMT/Cáceres e a Prefeitura Municipal de Cáceres é quem têm ajudado na logística para que o evento possa acontecer.
Questionado sobre se recursos na iniciativa privada foram cogitados o professor disse que este ano já entrou em contato com várias empresas em busca de patrocínio e ainda não recebeu nenhuma resposta positiva. “Mas, estamos abertos a outras ideias", revelou. Uma delas poderia ser conseguir uma emenda parlamentar para colocar novamente o conhecimento astronômico à disposição da sociedade. Mas este é um passo futuro já que, no momento, ele informa que o grupo está em busca de parceira para confecção das camisetas para a VI Mostra Científica, que ocorrerá no dia 9 de novembro em Cáceres.
Ele informa que o custo para a confecção das camisetas fica em torno de R$ 20,00 cada. São 660 alunos, ou seja, em torno de R$ 13.200,00. Um valor que chega a ser irrisório diante do incentivo aos alunos de usar uma camiseta que lhes dá a certeza de pertencer a um grupo e a um evento que vai instigar o conhecimento e fazer florescer, quem sabe, até o próximo 'Einstein'.
É importante destacar que o Brasil pode perder grandes mentes científicas se continuar com essa falta de atenção à Educação. Contudo, Mato Grosso pode se atentar a isso e desviar-se dessa rota garantindo, assim, destaque futuro não só na área agrícola como também na científica, na opinião do professor. E por acreditar, nesse futuro melhor é que ele espera que as grandes empresas do Estado possam se interessar pela causa científica e ajudem a mudar essa realidade enquanto o apoio político em recursos não vem.
Para ajudar, o interessado pode entrar em contato com o professor Marcos Borges pelo email maribor@unemat.br.
(Adriana Nascimento – Space News MT)