O plantio de soja em 2017/18, que se inicia no próximo mês, deverá avançar pouco mais de 2 por cento ante a temporada passada, mas a produção do Brasil deve cair 3 por cento, com especialistas esperando uma queda na produtividade média após uma safra marcada por condições climáticas extremamente favoráveis em 2016/17.
Segundo a média de nove estimativas de analistas e instituições obtidas pela Reuters, a área dedicada à soja em 2017/18 deverá aumentar para um novo recorde de 34,70 milhões de hectares, com a oleaginosa ganhando espaço do milho, cujo preço está baixo após uma safra histórica.
Em contrapartida, a produção de soja do Brasil, maior exportador global, deverá recuar para 110,60 milhões de toneladas na colheita que deve começar no início de 2018. Essa seria a primeira queda desde 2015/16 e a maior baixa anual desde 2011/12, quando houve tombo de 12 por cento na safra, segundo a série histórica da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Conforme o analista de grãos do Rabobank Brasil, Victor Ikeda, a produção de soja no ciclo 2017/18 deverá retornar a uma "linha de tendência", após um salto de quase 20 por cento em 2016/17 sobre a safra anterior, que havia sofrido com uma seca.
"Nesse caso, a média de 3,4 toneladas por hectare do ano passado pode ter sido um pouco fora da realidade… Se voltarmos à tendência, considerando uma normalidade climática, a produtividade da safra 2017/18 seria estimada em 3,15 t/ha", avaliou ele à Reuters.
O Rabobank prevê produção de 109 milhões de toneladas da oleaginosa, em uma área 1,7 por cento maior, de 34,5 milhões de hectares, com a cultura avançando sobre áreas de milho verão.
Na mesma linha, o analista Luiz Fernando Roque, da Safras & Mercado, diz que "o Brasil deve retomar o ritmo de crescimento ´normal´ da área de soja" em 2017/18, o qual havia perdido força em 2016/17.
"Além disso, o bom resultado produtivo registrado na safrinha de milho de 2016 dá força à tendência recente de centralização da produção do cereal na chamada segunda safra, pós-colheita da safra verão. Assim, a oleaginosa firma-se, ainda mais, como a protagonista da safra de verão, enquanto o cereal é o destaque da safrinha", resumiu, em comunicado.
A Safras & Mercado prevê um plantio recorde 35,50 milhões de hectares (+5,2 por cento), com produção de 113,20 milhões de toneladas de soja.
Segundo Adriano Gomes, analista de mercado da AgRural, a expansão de área se dará principalmente na região Sul do país, que lidera a produção de milho de primeira safra.
"Com a queda nos preços do cereal, devemos ter mais produtores plantando soja em áreas semeadas com milho, mas também devemos ter expansão de área no Sudeste e nas regiões de fronteira, como o Matopiba, onde haverá avanço em áreas já abertas", disse à Reuters.
A AgRural avalia que o Brasil produzirá 109,70 milhões de toneladas de soja, em uma área de 34,50 milhões de hectares.
Apesar das perspectivas positivas, alguns "fatores limitantes", como "a demora do crédito agrícola oficial e as incertezas em relação à safra de soja nos Estados Unidos e, consequentemente, aos patamares de preços em Chicago", impediram uma expansão maior da área, segundo a consultoria Céleres.
"Incrementos adicionais na área brasileira poderão ocorrer se houver uma reversão nas expectativas da safra norte-americana e uma consequente melhora nos níveis de preços internacionais. Contudo, o intervalo apertado para o planejamento do produtor será um limitante para aproveitar uma possível melhora de preços", destacou a consultoria, em relatório.