O programa Fantástico da Rede Globo mostrou na noite deste domingo (20) que detendos da Penitenciária Central do Estado (PCE), no bairro Pascoal Ramos, em Cuiabá (MT), mantém grupo de WhatsApp e um mercadinho dentro da unidade.
A reportagem mostrou imagens exclusivas de como funcionava o plano do lado de dentro da unidade. Além disso, a forma como eram feitas as compras e revendas de materiais e utensílios domésticos aos presos. O apresentador Tadeu Schmidt chegou a dizer que lá “tudo está liberado”
A matéria especial deste domingo exibiu inclusive, a comunicação dos detentos por meio de celulares com tranquilidade. Eles chegaram a criar grupo de Whatsapp denominado “Marreta Progresso 157” (157 é o artigo do Código Penal referente a prática de roubo) para combinar crimes que seriam cometidos por comparsas do lado externo do presídio.
Outro fato, no mínimo curioso, é o “minimercado” existente na unidade e que é controlado pelos próprios bandidos, com venda de tênis, refrigerante e material de limpeza. Os produtos, segundo um dos presos, eram revendidos pelos agentes penitenciários e policiais que trabalham no local; um investimento de aproximadamente R$ 6 mil.
Nas mensagens trocadas pelos internos, apareciam de tudo, mensagens de bom dia, de dia dos pais, e roubos de carros.
Um dos líderes da quadrilha foi identificado como Luciano Mariano da Silva, vulgo “Marreta” e também idealizar do grupo de aplicativo móvel. Ele foi condenado há 56 anos de prisão e está cumprindo pena por uma série de delitos. Marreta manda até fotos nas redes sociais fazendo pose.
Segundo a polícia, ele controla do presídio os crimes praticados no estado pela principal quadrilha do Rio de Janeiro. Criou até uma poupança do crime. “Montamos um caixinha ai, se os criminosos sentir ai é um dinheiro pra nos mesmo”. Diz uma das gravações.
"Marreta" escreveu ainda que: “Todas as colaborações serão aplicadas em drogas, armas e outros itens para nosso desenvolvimento”, o grupo chegou a ter ate 48 participantes de 4 estados diferentes, 15 eram de dentro da própria cadeia, apenas um não era bandido e sim policial.
Este policial conseguiu entrar no grupo dos criminosos e com autorização da Justiça de Mato Grosso, se passou por bandidos para monitorar a quadrilha. Durante quatro meses investigou e registrou tudo.
E nessa descoberta, eles conseguiram desvendar muitas informações, e boa parte dos carros roubados que iam para Bolívia e Paraguai, e alguns foram trocados por drogas, armas e munição. A quadrilha tinha também plano de roubar uma viatura do SAMU. “Se nois roubar uma viatura do Samu mano, ninguém para nois, e PRF não para, nois traz de 3 a 4 toneladas dentro da viatura do Samu cara”, dizia uma das gravações dos presos.
Tinham internet e ate celulares, o motivo é que no presidio estadual não existem os chamados bloqueadores de celulares.
Hoje a Penitenciaria Estadual de Mato Grosso esta superlotada e foi construído com capacidade mínima para apenas 860 presos, tendo abrigado atualmente mais de 2.061 criminosos, e quem manda é a quadrilha Carioca.
Nesta semana, o resultado da investigação levou a prisão de vários pessoas envolvidas com o crime. Elas vão responder por tráfico e formação de quadrilha, além de 37 presos identificados no estado.
Conforme exibiu o Fantástico, a Secretaria de Justiça do Mato Grosso respondeu que faz revistas periódicas dentro da Penitenciaria do Estado, e que esta investindo R$ 2.5 milhões na compra de equipamento que fazem bloqueios de celulares imediato, e com relação ao "minimercado", a pasta disse que não é administrada pelos presidiários e esta em parceria junto com a o Poder Judiciário.