A alta nos contratos de soja na sexta-feira (11/8) na bolsa de Chicago (EUA) não impediu o grão de acumular baixa na semana. A reação foi pequena diante do tombo do dia anterior, quando os preços foram influenciados pela forte correção para cima na estimativa de produção americana pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).
O contrato para novembro de 2017, o de maior liquidez, fechou a US$ 9,45 por bushel, próximo da máxima do dia, de US$ 9,46. No dia do relatório mensal de oferta e demanda, quinta-feira (10/8), a queda tinha sido de US$ 0,33, para US$ 9,40. Desde 7 de agosto, quando o vencimento ajustou para US$ 9,69, a desvalorização do foi de 2,47%.
Para o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, a produção de soja do país na safra 2017/2018 deve chegar a 119,23 milhões de toneladas. Um mês atrás, eram esperados 115,94 milhões. Mantendo a previsão de área a ser colhida em 35,9 milhões de hectares, os técnicos se mostraram mais otimistas em relação à produtividade das lavouras.
Em comentário divulgado na sexta-feira, Jack Scoville, da Price Futures, em Chicago, avalia que o USDA estimou um potencial produtivo muito acima do esperado pelo mercado. O movimento dos preços na próxima semana deve continuar a ser de queda, mas ele vê certa “descrença” nos números.
“Os preços devem continuar a cair um pouco mais na próxima semana. Mas a descrença geral com as estimativas do USDA pode implicar um movimento de compras em breve”, diz ele, acreditando que algumas áreas não serão colhidas e têm sua produtividade afetada pelo clima.
O mercado segue atento aos números e a qualquer mudança nos mapas climáticos do cinturão de produção de grãos dos Estados Unidos. Analistas dizem que as próximas duas ou três semanas são decisivas para as plantações que, segundo o governo americano, estavam excelentes em 10% das áreas e boas em outros 50% até o início desta semana.
O USDA deve atualizar os dados de condições de lavoura na próxima segunda-feira (14/8). “A maioria da soja norte-americana já está em estádios de definição de vagens, sendo necessário a precipitação regular para o enchimento saudável do grão”, avalia a consultoria AgResources, em relatório pós-pregão de sexta-feira.
Com base nos mapas de clima, os analistas afirmam que as chuvas têm sido irregulares e escassas para a região centro-norte da área agrícola. Previsões para os próximos dias apontam precipitações abaixo da média em Estados como Iowa, Winsconsin, além de parte de Illinois e de Minessota.
“A especulação se mantém apreensiva com os mapas de previsões climáticas. Os números de produtividade do relatório continuam engasgados no mercado, os quais ainda não são claramente visualizados no campo ou nos próprios números de Condições de Safra”, diz a AgResources.
Preço interno
No mercado brasileiro, o indicador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) com base no corredor de exportação de Paranaguá (PR) caiu 1,29% de quinta para sexta-feira. A referência encerrou a semana em R$ 70,63 a saca de 60 quilos.
No acumulado semanal, o valor ficou praticamente estável. Na segunda-feira (7/8), tinha encerrado o dia a R$ 70,66 a saca, chegando a ficar acima de R$ 71 no decorrer da semana. Desde o dia 31 de julho, quando estava em R$ 71,59, o indicador do Cepea base Paranaguá acumula queda de 1,34%.
Também nesta semana, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) atualizou as estimativas para a safra de grãos 2016/2017. O número para a soja reforçou o cenário de safra recorde, sendo revisado de 113,93 milhões para 114,04 milhões de toneladas. O crescimento é de 19,5% em relação à colheita da temporada 2015/2016, estimada pela Conab em 95,43 milhões de toneladas.