O 2º tenente do Corpo de Bombeiros, Antônio Claro, pai do aluno soldado BM Rodrigo Claro, que morreu durante treinamento realizado na Lagoa Trevisan, no dia 10 de novembro de 2016, classificou uma nota emitida pela Associação dos Oficiais da Polícia e Bombeiro Militar de Mato Grosso (Assof-MT), como oportunista, tendo em vista que o tenente coronel PM Wanderson Nunes de Siqueira, presidente da Assof, tem pretensões políticas no ano de 2018.
Na nota, o tenente coronel Wanderson, escreve que nos últimos meses, desde o caso, tem havido matérias e comentários tendenciosos condenando a tenente BM Izadora Ledur (Suspeita de ter participação direta na morte do aluno, pelo crime de tortura).
“Nos últimos meses temos acompanhado uma verdadeira condenação em praça pública da Tenente BM Izadora Ledur, com matérias e comentários tendenciosos que tentam convencer a opinião pública, de que a Oficial teria relação com a morte do aluno soldado Rodrigo Claro”, diz trecho da nota escrita por ele
O tenente Rodrigo Claro, disse que na verdade há um oportunismo na colocação dele, tendo em vista que muitas pessoas tem se aproveitado da morte do Rodrigo, para fazer trampolim e se aparecer.
“Infelizmente muitas pessoas tem se aproveitado da morte do meu filho, para se aparecer ou ficar evidente na mídia, perante o que aconteceu. Essa nota da Assof foi infeliz, eu fiquei sabendo que o coronel Wanderson quer sair candidato em 2018, e está usando essa nota, para ganhar visibilidade, perante a mídia e pessoas”, disse ele.
Ele ainda cita o fato de a tenente Ledur e os outros envolvidos serem associados da Assof e ele não.
“A Assof em termos está fazendo o papel dela, querendo defender os seus associados, porém, se caso eu também fosse um associado, eles não teriam soltado essa nota. Outra coisa que foi errada, foi que eles não me procuraram em nenhum momento para me ouvir, e tão pouco publicaram o comentário que eu fiz na página deles, totalmente autoritária a atitude do presidente. Hoje em dia não estamos mais na ditadura para continuar esse autoritarismo”, completou.
Ainda o tenente, informa que a Assof não tem poder nenhum para julgar ou classificar a tenente Ledur como inocente no caso.
“Se fosse na época da ditadura, o militarismo teria poder, hoje não. Quem cabe fazer o julgamento ou enviar algum parecer, é o Ministério Público (MP), tanto que o MP ofereceu denúncia pedindo a prisão preventiva da tenente, que foi negado pela juíza Selma Arruda, que determinou que ela utilizasse tornozeleira eletrônica, só que o Ministério Público pediu novamente a prisão dela e está em análise pela juíza”, informou o tenente.
A tenente Izadora Ledur apresentou um atestado de saúde pedindo afastamento por 90 dias para tratamento médico. Nesse período de acordo com o tenente, o conselho de justificação que determinaria se ela continuaria ou não na instituição, é adiada, pois o advogado dela alega que ela não tem condições de saúde de responder algum inquérito no momento.
Antonio Claro, está desde a morte do filho, afastado dos trabalhos e passando por tratamento psicológico e psiquiátrico e ainda não superou a perda do jovem. Esse será o primeiro dia dos pais dele, sem a presença de Rodrigo Claro.
Leia a nota da Assof na íntegra:
“A Associação dos Oficiais da Polícia e Bombeiro Militar de Mato Grosso vem a público, após concluídas as investigações realizadas pelo Corpo de Bombeiros e pela Polícia Civil, prestar esclarecimentos sobre fatos ocorridos em um treinamento para Formação de Soldados do Bombeiro realizado no dia 10/11/2016 na Lagoa Trevisan, que após o seu encerramento, registrou o falecimento do Aluno Soldado BM Rodrigo Claro.
Nos últimos meses temos acompanhado uma verdadeira condenação em praça pública da Tenente BM Izadora Ledur, com matérias e comentários tendenciosos que tentam convencer a opinião pública, de que a Oficial teria relação com a morte do aluno soldado Rodrigo Claro.
A ASSOF, que é uma entidade de classe que representa os Oficiais da PM e do Bombeiro de Mato Grosso, após analisar com muito cuidado os inquéritos que foram realizados se sente à vontade e na obrigação de esclarecer a sociedade Mato-grossense do não envolvimento da Tenente Ledur, nem de nenhum Oficial ou Praça do Corpo de Bombeiros na morte do jovem Rodrigo Claro.
Para realizarmos tal afirmação, tomamos o cuidado de lermos todos os depoimentos que foram prestados nos inquéritos e deles conseguimos inferir que no dia 10 de novembro de 2016, o 2º Pelotão do Curso de Formação de Soldados do Bombeiro participou na Lagoa Trevisan de um treinamento da disciplina de “Salvamento Aquático”.
A aula prática que teve início as 14 horas, encerrou-se as 18 horas e foi ministrada pela Tenente BM Ledur e pelo Tenente Coronel BM Marcelo Reveles, além de outros monitores, especialistas na matéria.
Durante o treinamento não foi registrado nenhum incidente do tipo afogamento, torções ou fraturas, a não ser, um mal súbito no aluno soldado BM Rodrigo Claro, que dizia sentir dores de cabeça e que por isso, foi autorizado as 15 horas, a retornar para o quartel do Bombeiro localizado no bairro Verdão em Cuiabá.
Chegando ao quartel o aluno soldado Claro, se apresentou ao Coordenador do Curso e disse estar sentindo dores de cabeça, imediatamente foi determinado que uma guarnição do bombeiro o conduzisse a Policlínica do Verdão, onde, após uma triagem com aferição da pressão arterial e exames preliminares, foi classificado como paciente sem risco (verde) e após algum tempo, foi atendido e medicado por uma médica plantonista.
Passadas algumas horas, o aluno soldado Rodrigo Claro começou a convulsionar e a partir daí, foi submetido a tratamento emergencial e encaminhado a um hospital particular, más infelizmente no dia seguinte ele veio a óbito.
A grande repercussão e as suspeitas de que a morte do aluno soldado Claro havia sido provocada por excesso no treinamento ou maus tratos por parte dos instrutores, culminou com a instauração de dois inquéritos, um no Corpo de Bombeiros e outro na Polícia Civil.
Durante os inquéritos foi solicitado da Polícia Técnica (POLITEC) um exame minucioso do jovem Rodrigo Claro e os peritos ao final, foram categóricos em afirmar que:
1. A morte de Rodrigo Claro se deu por hemorragia cerebral de causa natural;
2. Além das feridas provenientes do tratamento médico recebido na policlínica do verdão e no hospital particular, não se observou nenhum outro vestígio de lesão traumática recentes na superfície externa do corpo;
3. Perguntado se a morte foi produzida com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia ou tortura ou por outro meio insidioso ou cruel, os peritos responderam que não.
De posse das informações periciais e ainda, considerando informações preliminares que dão conta de um histórico familiar, onde existe registros de parentes do Aluno Soldado BM Rodrigo Claro que já vieram a óbito ou se encontram enfermos provenientes de acidentes vasculares cerebrais (AVC).
Levando-se em conta vídeos e fotografias produzidas durante o treinamento e ainda, as informações prestadas pelos alunos do curso, instrutores e monitores nas oitivas, a Associação dos Oficiais afirmar e reafirma que o treinamento e as instruções de salvamento aquático que o aluno soldado BM Rodrigo Claro participou no dia 10 de novembro de 2016, não contribuíram nem tiveram relação de causa e efeito com a sua morte.
A Associação dos Oficiais desde o primeiro momento entendeu necessária a apuração da causa da morte do jovem Rodrigo, pois somos contra qualquer tipo de excesso e defendemos a verdade e a correição, por isso, entendemos a dor da família.
Entretanto nos arriscamos a afirmar que: se não fosse após o treinamento de salvamento aquático, infelizmente o Aluno Soldado BM Rodrigo poderia vir a óbito ou sofrer sequelas provenientes de um AVC dormindo, correndo, realizando uma refeição ou praticando um esporte.
Por esse motivo, a ASSOF reafirma o seu compromisso com os associados e com a sociedade Mato-grossense de continuar defendendo as coisas certas e lutar pela verdade, más tem clara convicção de que nem a Tenente Ledur nem os demais instrutores e monitores da disciplina de salvamento aquático tiveram qualquer relação com a prematura morte aluno soldado BM Rodrigo Claro.
Por amor ao debate e em respeito à sociedade que precisa estar informada sobre todo o caminhar dessa apuração, nos colocamos a disposição dos veículos de informação, para prestar quaisquer outros esclarecimentos que se façam necessários.
Data: 09/08/2017
Fonte: Tenente Coronel PM Wanderson Nunes de Siqueira – Presidente da ASSOF”