As importações de soja da China, em julho, somaram 10,08 milhões de toneladas e o volume é recorde, segundo informações da Administração Geral da Alfândega do país. O total é 31,08% maior do que o registrado no mês anterior, de 7,69 milhões de toneladas, e 5,11% maior do que o maior total registrado, em maio, de 9,59 milhões de toneladas.
De janeiro a julho, as importações chinesas já somam 54,89 milhões de toneladas, 16,8% a mais do que no mesmo período do ano passado. Segundo o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting, desse total, cerca de 30 milhões de toneladas são do Brasil.
O alto volume, segundo especialistas, se deu, além do consumo ainda aquecido, pela atraso na descarga dos navios em junho, quando os estoques locais eram elevados e, principalmente, diante de uma mudança nos impostos.
"O grande volume de importações em julho foi principalmente devido à mudança de impostos e atraso de chegada do mês anterior", disse Tian Hao, analista sênior da First Futures.
Já para Brandalizze, os números expressivos – que vieram até melhores do que o esperado – refletem a demanda ainda muito intensa. "O consumo é forte e talvez eles não queiram abrir isso para não colocar um estímulo nas cotações internacionais. Mas os preços estão mais baixos, e eles estão crescendo.
O consultor explica também que, ao contrário do que acreditam alguns analistas internacionais, o desembarque dessas compras expressivas não deverão ser suficientes para pressionar as margens de esmagamento de forma muito severa.
Além disso, os estoques tendem a ser menores nos próximos meses, ajudando a promover essa recuperação nas margens. Em julho, as margens da indústria chegaram a testar o lado positivo, porém, voltaram a trabalhar em campo negativo.
"Espera-se que as margens se recuperem como estoques de soja e farelo de soja começando a diminuir gradualmente a partir de agosto", disse Liang Yong, analista da Galaxy Futures.
E não foram só as importações de soja da China que impressionaram, mas também os dados fortes de aço e petróleo, o que, ainda segundo analistas, confirma a demanda intensa dos chineses por matérias-primas nesse momento.
"As compras de commodities por parte da nação asiática em julho vieram, de uma forma geral, melhores do que o esperado, com a desaceleração sazonal típica e, aparentemente, atrasada por mais um mês", informou uma nota do Banco da Austrália e da Nova Zelândia. "Isso reforça nossa projeção de que segue muito positiva a demanda chinesa", completa o boletim.