O ministro da Agricultura, Blairo Maggi (PP), negou as acusações do ex-governador Silval Barbosa (PMDB) que o apontam como integrante de esquemas de desvio de dinheiro por meio de pagamento irregular de precatórios e de pagamento de “mensalinhos” a deputados de Mato Grosso durante seu mandato de governador (2003-2010).
Em nota divulgada na manhã desta sexta-feira (4), Maggi disse que as declarações são “levianas, mentirosas e criminosas” e chamou de “lamentáveis os ataques” de seu sucessor no governo do Estado.
“Causa estranheza e indignação que possíveis acordos de colaboração, muitos ainda não homologados, coloquem em dúvida a credibilidade e a imagem de figuras públicas que tenham exercido com retidão, cargos na administração pública. Mesmo assim, diante dos questionamentos, vimos a público prestar os seguintes esclarecimentos”.
Sobre a ter autorizado e direcionado o pagamento de precários de R$ 200 milhões à empresa Andrade Gutierrez, o ministro afirmou que “nunca houve ação, minha ou por mim autorizada, para obstruir a justiça ou atrapalhar as investigações”.
Segundo ele, o rito dos pagamentos de precatórios à Andrade Gutierrez foi absolutamente legal, com atuação dos órgãos consultivos da estrutura do governo, e de acordo com os procedimentos exigidos.
“O destino dos recursos já no âmbito da iniciativa privada não é da alçada de um governador de Estado, de modo que desconheço, em absoluto, qualquer relação comercial entre a Andrade Gutierrez e a empresa Piran Participações”.
Maggi também negou tenha participado de reuniões, durante seu governo, com o então presidente da Assembleia Legislativa, José Riva (PSD), para supostamente combinar pagamento de mensalinhos no valor de R$ 80 mil a deputados, para apoio a suas ações no Executivo.
“Jamais utilizei de meios ilícitos na relação entre o Poder Executivo e a Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso. Sempre respeitei o papel constitucional das Instituições e pautei a relação harmônica entre os poderes sobre os pilares do respeito à coisa pública e à ética institucional”.
As acusações
Conforme reportagem do jornal Folha de S. Paulo, em acordo de delação premiada, o ex-governador de Mato Grosso Silval Barbosa (PMDB) relata que o ministro da Agricultura, Blairo Maggi (PP), participou da montagem de um esquema para liberar dinheiro de precatórios (dívidas decorrentes de sentenças judiciais) em troca do apoio de parlamentares do Estado. O fato, de acordo com o delator, teria acontecido ao fim da gestão de Maggi como governador do Estado (2003-2010).
O acordo de colaboração de Barbosa foi assinado há cerca de dois meses com a PGR (Procuradoria-Geral da República) e aguarda homologação do ministro Luiz Fux, do STF (Supremo Tribunal Federal). Na quarta (2), o magistrado declarou que a colaboração é "monstruosa", mas se recusou a dar detalhes.
Além do ministro, Silval Barbosa citou os senadores Wellington Fagundes (PR-MT) e Cidinho Santos (PR-MT), suplente de Maggi. Os dois teriam se beneficiado de recursos ilícitos.
O ex-governador também relata fatos envolvendo pelo menos três deputados federais com mandatos em curso, cujos nomes a reportagem não identificou, além de repasses a conselheiros do Tribunal de Contas do Estado (TCE).
Barbosa relatou ainda pagamento de um "mensalinho" para deputados estaduais que atuaram na sua gestão para lhe garantir apoio.
Como evidência, forneceu vídeos dos parlamentares estaduais recebendo dinheiro em espécie. Envolvidos no acordo afirmaram à reportagem que os valores giravam em torno de R$ 80 mil.
{relacionadas}