Ao determinar a transferência de João Arcanjo Ribeiro para presídio de Mato Grosso, o desembargador Paulo da Cunha desconsiderou totalmente o argumento de que o ex-bicheiro oferecia o risco de exercer influência política em Mato Grosso em seu benefício.
“O Estado de Mato Grosso tem como chefe do Poder Executivo, atualmente, José Pedro Gonçalves Taques (PSDB), a mesma pessoa que, enquanto Procurador da República, combateu veementemente os crimes imputados ao agravante e às pessoas a ele vinculadas, sendo inimaginável, assim, qualquer influência política do agravante", argumento.
João Arcanjo Ribeiro é ex-policial em Mato Grosso e se tornou dono de jogo do bicho e dono de empresas de “factoring” e de uma rede de hotéis. O atual governador Pedro Taques participou da mega-operação montada pelo Ministério Público do MT, com a participação da Polícia Federal, para indiciar o João Arcanjo e desmontar sua organização criminosa.
Na operação que levou a sua prisão, em 2003, foram mobilizados 160 policiais federais, trinta policiais rodoviários federais, três procuradores da República, vinte promotores de justiça e seis fiscais federais. A prisão de Arcanjo foi decretada pelo juiz federal Julier Sebastião da Silva, da 1ª Vara Federal de Mato Grosso.
Ameaças
Em 2011, Pedro Taques, ainda senador pelo PDT, revelou que durante seis anos foi obrigado a conviver com escolta policial porque teria entrado na lista dos desafetos do ex-comendador João Arcanjo Ribeiro, ex-chefe do crime organizado em Mato Grosso, que teria contratado um pistoleiro identificado como Márcio Campos, por R$ 300 mil, para matá-lo.
Márcio Campos, que já tinha dois mandados de prisão, por assassinato e roubo, se entregou à Polícia Federal e depôs contando que fora contratado pelo "comendador" João Arcanjo para executar o então Procurador da República e ficou no programa de proteção à testemunha.