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TJ analisará pedido que suspende atos de juíza Selma em ação da Sodoma

O Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJ-MT) deve analisar nos próximos dias o pedido de suspeição contra a juíza Selma Arruda, da Vara Contra o Crime Organizado, formulado pelo ex-secretário estadual de Administração, Francisco Faiad.

Na última quinta-feira (27), a própria juíza encaminhou o requerimento ao órgão superior para a reapreciação do pedido que tem o objetivo de afastar a magistrada da  ação penal derivada da quinta fase da Operação Sodoma, em que o advogado é réu.

Segundo a assessoria, o requerimento já se encontra no TJ, porém ainda não foi feita a distribuição do processo, para saber qual desembargador fará a análise do pedido. 

Após ser preso, acusado de participar de uma suposta organização criminosa que teria causado prejuízo de R$ 8,1 milhões aos cofres do Estado, Francisco Faiad entrou com o pedido alegando parcialidade e excesso de apelo midiático por parte da juíza. No dia 19 de julho, Selma Arruda rejeitou o pedido e se manteve nos processos da Sodoma.

A magistrada considerou a acusação do advogado improcedente e determinou que o requerimento fosse encaminhado ao Tribunal de Justiça para reapreciação, com ressalva para que não interfira na suspensão da ação principal da Sodoma, da qual também é responsável.

“Uma vez que já fora autuada em apartado pela Secretaria, determino seja encaminhada à superior instância, para reapreciação, sem suspensão da ação principal, nos moldes do que determina o Código de Processo Penal e a melhor jurisprudência”, determinou.

Além desse requerimento, o ex-presidente da Ordem dos Advogados em Mato Grosso (OAB-MT) também é autor de uma reclamação disciplinar no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que pede a aposentadoria da magistrada.

Ao Tribunal de Justiça, a juíza encaminhou cópias digitalizadas da denúncia da Sodoma 5, da decisão que decretou a prisão preventiva de Francisco Faiad, da reclamação no CNJ e de depoimentos, do ex-governador Silval Barbosa, Silvio Cesar Correa Araújo e de Valdísio Juliano Viriato, que delatam a participação de Faiad nos fatos que levaram a sua prisão preventiva.

Na denúncia do Ministério Público Estadual (MPE), Faiad é acusado de ter recebido cerca de R$ 200 mil em propina por meio da concessão de contratos e de compras fraudulentas de combustível, no ano de 2014, na gestão de Silval Barbosa.

Francisco Faiad ficou preso no Centro de Custódia da Capital (CCC) durante quatro dias e foi transferido para uma cela no Corpo de Bombeiros da Capital, localizado no Bairro Porto. Dois dias depois ele conseguiu a liberdade do advogado diante do pagamento de fiança no valor de R$ 192 mil.

Sodoma 5

Deflagrada no dia 14 de fevereiro, a Sodoma 5 investiga fraudes à licitação, desvio de dinheiro público e pagamento de propinas, realizados pelos representantes da empresa Marmeleiro Auto Posto LTDA e Saga Comércio Serviço Tecnológico e Informática  LTDA, em benefício da organização criminosa supostamente comandada pelo ex-governador, Silval Barbosa.

As supostas fraudes em licitações teriam sido realizadas nos anos de 2011 e 2014.

Conforme a investigação feita pelo Ministério Público, Faiad atuava na ordenação e execução do esquema para promover o desvio de receita pública que registrava e remunerava o consumo fictício de combustível nas melosas que compunham a patrulha da Secretaria de Transportes. 

Com o esquema, o advogado teria desviado cerca R$ 1,7 milhão, dinheiro este que promoveu o pagamento de uma dívida de campanha eleitoral em 2012, na qual juntamente com o ex-vereador Lúdio Cabral (PT) concorriam ao cargo de vice-prefeito e prefeito, respectivamente.

Segundo a Polícia Civil apurou, as empresas foram utilizadas para desvios de recursos públicos e recebimento de vantagens indevidas, utilizando-se de duas importantes secretarias, a antiga Secretaria de Administração (Sad) e a Secretaria de Transporte e Pavimentação Urbana (Septu), antiga Secretaria de Infraestrutura (Sinfra).

As duas empresas, juntas, receberam aproximadamente R$ 300 milhões do Estado de Mato Grosso, em licitações fraudadas. Com o dinheiro desviado efetuaram pagamento de propinas em benefício da organização criminosa no montante estimado em mais de R$ 7 milhões.

Nesta fase, o ex-governador Silval, o seu ex-chefe de Gabinete, Silvio Cesar Côrrea Araújo e ex-secretário adjunto de Administração, José Jesus Nunes Cordeiro, tiveram uma nova ordem de prisão decretada.

Além deles a juíza Selma Arruda, da Vara Contra o Crime Organizado da Capital, decretou a prisão dos ex-secretários Valdisio Juliano Viriato (adjunto de Transportes) e Francisco Anis Faiad (Administração).

 

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Redação

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