Jurídico

Marcel afirma ser inocente e diz que ex-secretários combinaram defesas

O ex-secretário de Estado de Fazenda (Sefaz) negou que tenha participado da organização criminosa que teria desviado o esquema teria desviado R$ 15,8 milhões dos cofres do Estado, em 2014, por meio de suposta fraude na desapropriação de um terreno no bairro Jardim Liberdade, em Cuiabá.

A declaração foi dada à juíza Selma Arruda, da Vara Contra o Crime Organizado da Capital, na tarde desta sexta-feira (28), em audiência referente a 4ª fase da Operação Sodoma.

Marcel afirmou que está sendo penalizado por acusações “levianas”.

"Eu não tenho participação nos fatos. É até difícil falar de fatos e de coisas que você desconhece. Eu não conheço o processo. Não interferi no processo. Não tratei deste assunto com ninguém", disse.

"Acho que tem um grave engano em relação ao [Pedro] Nadaf ter me repassado propina. Ele até se retratou e disse em juízo que não me passou nenhum valor desses R$ 700 mil. Estou sendo penalizado por causa disso, pois aqueles que estão sendo acusados saíram falando de mim de forma leviana”, completou.

Na denúncia, consta que o delator e sócio da Santorini Empreendimentos – dona da área desapropriada -, Antônio Rodrigues de Carvalho, disse que, em janeiro de 2014, foi a uma reunião agendada com Chico Lima e Marcel de Cursi, na sede da Sefaz. Nesta reunião, segundo ele, Cursi exigiu que 50% do valor pago pela desapropriação retornasse para o grupo.

Além disso, conforme os autos, Filinto repassou R$ 750 mil a Marcel, parte que lhe cabia no esquema. 

Cursi então teria acrescentado mais R$ 250 mil ao valor e repassado ao ex-presidente da Companhia Mato-grossense de Mineração (Metamat), João Justino, para que fosse providenciada a compra de 10 kg em barras de ouro. 

De acordo com a Defaz, as barras de ouro foram entregues a Pedro Nadaf que, por sua vez, repassou pessoalmente o carregamento do metal a Marcel de Cursi, no final de 2014.

Atualizada às 16h39min.

Marcel reclamou que enquanto ele está sendo acusado por fatos inexistentes, outras pessoas, como políticos, estão sendo protegidos na investigação.

"Eu não consigo entender porque estou nisso. Mas, tem um monte de gente com [prerrogativa de] foro que ficou fora. Esses que fizeram delação estão induzindo a Justiça. Eles estão levando a Justica ao erro", disse.

Segundo Marcel, o valor apontado como tendo sido recebido por ele, na verdade foi repassado a ex-deputado Luciane Bezerra (PSB), atual prefeita de Juara.

Além disso, o ex-secretário disse que não se reuniu com Silval Barbosa, para tratar sobre a liberação do recurso para o pagamento da desapropriação.

"Eu não estive reunido com o Silval para liberar o recurso porque haveria um retorno. Isso não aconteceu. Não era a Secretaria de Fazenda que tinha que liberar esse recurso. Nunca conversei nada que não fosse republicano com nenhuma dessas pessoas envolvidas".

Atualizada às 16h46min.

Marcel também negou que conheça o empresário Antônio Rodrigues.

De acordo com ele, a Sefaz chegou a pedir informações ao ex-presidente do Instituto de Terras de Mato Grosso (Intermat), Afonso Dalberto, sobre o processo de pagamento da desapropriação.
 
Marcel disse que Afonso retardou o envio das informações e só as enviou em dezembro de 2014, quando não havia mais tempo hábil para analisar                      
 
"Isso gerou um constrangimento nas pessoas que estão envolvidas nesses fatos. Estou sendo prejudicado por causa disso. Os réus vêm aqui e omitem pessoas com foro privilegiado, como a ex-deputada Luciane Bezerra. Aí é muito fácil pegar um servidor de carreira, que dizia não para todo mundo, e botar ele aí".

Atualizada às 16h51min.

Marcel também negou que tenha comprado ouro com dinheiro do esquema, por meio de João Justino. Questionado pela magistrada sobre o fato, ele se negou a falar. "Não posso dizer nada. Eu não comprei ouro".

Selma pergunta se haveria alguma motivo pra que Justino e Antônio imputasse tais acusações no processo. "Essas pessoas estão me acusando para fazer cobertura de história".

Atualizada às 16h55min.

Ele acusa Nadaf, Zilio, Pedro Elias e Dalberto de combinarem versões para se defenderem em juízo. "Eles, quando foram presos, ficaram na mesma cela. Tiveram tempo o suficiente para combinar a história deles". 

Atualizada às 17h03min.

O ex-secretário acusou Pedro Nadaf de ter usado o seu nome durante a gestao de Silval ao ter publicado um ato no Diario Oficial. "Ele usou meu nome. E esse ato foi sem minha autorização. falei pra ele: ´você publicou uma coisa que não tem minha assinatura'. Não demorou cinco minutos e o governador me chamou. Falei que o secretario dele cometeu um erro. Ele disse que iria conversar e que isso não ia acontecer mais. Daí, pararam", disse.

"Então, esse negócio de usar o nome de outro é pra ocultar", completou.

Atualizada às 17h55min.

O interrogatório foi encerrado.

Redação

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