O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, analisa com “preocupação” a movimentação de promotores e juízes para a vida política. Segundo Gilmar, a vida política requer traquejos sociais, em que os trabalhos na magistratura e promotoria não exigem.
“Eu não sou um entusiasta da ideia de que quando o sujeito está visível, deve já assumir uma candidatura. Quem ocupa cargos eletivos não decide autoritariamente. Quem passa pelo parlamento tem que saber negociar. A oposição tem que lidar ao menos uma folga, em termos de procedimento. Isso lhe obriga a práticas mais humanas”, declarou o Gilmar Mendes em entrevista na manhã desta sexta-feira à Rádio Capital FM.
O governador Pedro Taques (PSDB) foi um membro do Ministério Público por 15 anos até se filiar a um partido e desistir da carreira jurídica em 2010. Nas eleições municipais de 2016, o ex-juiz Julier Sebastião (PST) disputou a candidatura ao Palácio Alencastro.
Nesse cenário, outros promotores e juízes devem aparecer nas eleições 2018, tanto para cargos no Legislativo, quanto no Executivo.
O ministro, que também é presidente do Tribunal Superior Eleitoral, afirma que é uma questão de vocação a vida política. “É uma questão de vocação. Eu faço sempre uma reserva em relação a isso. […] Eu tive uma vivência, na vida pública como assessor de governo desde Collor e Fernando Henrique, a minha observação é que de quando a gente fala em carreira política, isso é um aprendizado. Lidar com pessoas, encaminhar pleitos, ter paciência, respeito a pluralidade, é tudo um aprendizado. Aprendizado democrático”, ressalta.
Com a movimentação de membros dos Ministérios Públicos e do Judiciário para serem candidatos, boatos a cerca de uma possível Proposta de Emenda Constitucional foram ventilados. As mudanças permitiram que magistrados e promotores se candidatem a cargo políticos, sem a necessidade de se desvinculares órgãos.
“Quem quiser se candidato saindo do Judiciário, deve sair e assumir isso, da mesma forma para os membros do Ministério Público. Eu sei que há um movimento por parte de algumas associações de um certo licenciamento. Mas veja, isso vai se prestar a abusos, como conhecemos em outros países”, pontua o ministro.
“A juris prudência do Supremo, tanto em relação aos membros do MP e aos juízes, diz que quem quer ser candidato deve deixar suas funções no tempo adequado. Eu não tenho uma boa impressão da ideia de que podemos substituir a classe política por juízes ou promotores”, declara Gilmar Mendes.
O ministro Gilmar Mendes foi um dos nomes cotados para que, se caso o presidente Michel Temer, fosse deposto, seria um dos candidatos a eleição indireta. À época, Gilmar desmentiu e boato.