Jurídico

Após saída para boate, PM será transferido para segurança máxima

O desembargador Orlando Perri, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJ-MT), determinou a transferência do cabo da Polícia Militar, Gerson Luiz Correa Junior, para a Penitenciária Federal de Segurança Máxima de Campo Grande, em Mato Grosso do Sul. Enquanto aguarda por vaga no presídio, o cabo ficará detido no Centro de Custódia da Capital (CCC). A informação foi confirmada pela assessoria do TJ-MT.

O cabo da PM, alvo de investigação no esquema de grampos clandestinos em Mato Grosso, é acusado de ter saído da sede do Batalhão de Rondas Ostensivas Tático Móvel (Rotam), em que cumpre prisão preventiva, para ir a boate Crystal Night Club, famosa por shows eróticos em Cuiabá.

De acordo com a assessoria, caso a defesa do cabo ache plausível há a possibilidade de pedir a  transferência de outros policiais militares para o presídio de segurança máxima. Contudo, ainda não chegou nenhum requerimento ao TJ-MT.

A saída noturna e outras regalias, como o uso de computador, celular e internet, fora denunciadas ao Tribunal, e constatadas durante inspeção judicial determinada pelo desembargador Orlando Perri, responsável pela relatoria do processo de investigação sobre as interceptações telefônicas no Estado. 

Foram analisados a situação do local onde os réus estão presos, incluindo os acessos a computadores, notebooks e celulares – uma vez que a motivação partiu de denúncias que apontaram que o cabo Gerson estaria mandando mensagens via e-mail e aplicativos de conversas. Além disso, a rotina carcerária de cada um deles, o monitoramento de eventuais saídas e o recebimento de visitas.

“Além das situações acima por mim relacionadas, ressalto que os magistrados ora designados terão amplos poderes para, verificando qualquer situação que considerarem anômala  e irregular, determinar procidências necessárias, para imediatamente saná-las”, complementou Perri em sua determinação.

Conforme o relatório de inspeção, a vistoria foi realizada em todas as unidades prisionais militares nas quais os investigados na ação estão presos, sendo eles o ex-comandante-geral da Polícia Militar, coronel Zaqueu Barbosa, o ex-chefe e ex-adjunto da Casa Militar, coronel Evandro Lesco e Ronelson Barros, foram lotados. Inclusive, nas prisões em que o tenente Januário Antônio Edwiges Batista e o cabo Euclides Torezan estiveram quando foram presos.

Especialista em monitoramento

O cabo Gerson foi preso no dia 23 de maio, mesma data em que o ex-comandante-geral da Polícia Militar, o coronel Zaqueu Barbosa, também foi detido. Em audiência de custódia, Gerson afirmou ser especialista na área de monitoramento, e garantiu que não haveria nenhuma possibilidade de existir os serviços de interceptações na Polícia Militar e negou sua participação no suposto esquema.

A existência de suposta central clandestina de grampos telefônicos em Mato Grosso veio à tona no dia 11 de maio, quando o governo do Estado anunciou a exoneração do ex-chefe da Casa Civil Paulo Taques. Sua saída foi anunciada como um acordo entre Paulo e seu primo, o governador Pedro Taques, para que o homem forte do Executivo deixasse o Palácio Paiaguás e cuidasse pessoalmente das investigações envolvendo a suposta “arapongagem”.

O caso até então investigada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), após denúncia do ex-secretário de Estado de Segurança Pública (Sesp), o promotor de Justiça Mauro Zaque, apontou que membros da Polícia Militar aproveitaram uma investigação relacionada ao tráfico de drogas na região de Cáceres (177 km de Cuiabá), para inserir números telefônicos de políticos adversários ao governo, médicos, advogados, jornalistas, servidores públicos e até desembargador aposentado de Mato Grosso, em um pedido de quebra de sigilo.
 

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