Ex-chefe de gabinete do ex-governador Silval Barbosa (PMDB), Sílvio César Correa de Araújo negou que tenha participação no esquema de cobrança de propina do empresário João Batista Rosa, do Grupo Tractor Parts.
A declaração foi prestada na tarde desta segunda-feira (24), durante reinterrogatório à juíza Selma Arruda, da Vara Contra o Crime Organizado da Capital, em audiência referente a ação penal derivada da 1ª fase da Operação Sodoma, que investiga suposta organização criminosa que teria lucrado R$ 2,5 milhões do empresário, para que sua empresa fosse enquadrada no Prodeic (Programa de Desenvolvimento Industrial e Comercial de Mato Grosso).
Os incentivos foram propositalmente concedidos de forma irregular para forçar o empresário a continuar pagando propina sob ameaça de revogar os benefícios.
Silvio Araújo é acusado de ter recebido R$ 25 mil, no dia 22 de março de 2013, por meio de TED (Transferência Eletrônica Disponível), feita pela factoring FMC Recuperação de Crédito Ltda., pertencente a Frederico Muller Coutinho – um dos delatores do alegado esquema.
De acordo com o ex-chefe de gabinete, o valor se tratava de uma ajuda de Silval, para o pagamento de uma cirurgia contra o câncer, em 2013.
O réu declarou ainda que não sabia que o dinheiro poderia ser fruto de um esquema de cobrança de propina.
“Soube quando estourou a operação. Eu pedi uma ajuda, não um empréstimo. Tenho Silval como um pai. No momento, eu estava precisando e pedi”, disse.
Ordens de Silval
Silvio Araújo declarou que na organização criminosa instalada no Palácio Paiaguás, ele recebia dinheiro dos empresários que pagavam propina ao Governo do Estado, para manterem contratos com o Executivo.
Ele disse que apenas seguia ordens do ex-governador.
"Eu participava da organização e recebia ordens do Silval", disse.
Ele continuou explicando sobre o papel de cada um na organização. "O [Pedro] Nadaf era próximo do Silval e tinha a função de arrecadar propina e pagar dívidas de campanha".
Silvio Araújo explica que Marcel também recebia ordens de Silval. "O papel dele era viabilizar os recursos".
"Eu tinha Silval como pai. Ele me dava dinheiro de propina para eu pagar contas que ele mandava. A maioria era fera pessoalmente", explicou.
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