Política

CAB fica porque Mauro Mendes “amarrou” contrato antes de sair

Os serviços de saneamento de Cuiabá continuam nos moldes do aditivo firmado no fim do ano passado pelo prefeito Mauro Mendes (PSB) com o grupo CAB Ambiental. Com nova chefia administrativa e financeira, os nomes fantasia mudam para Iguá Saneamento, no lugar da CAB Ambiental, e para Águas Cuiabá, que substitui a CAB Cuiabá, mas os serviços serão executados pelo mesma empresa que esteve em operação nos quatro anos de contrato com a CAB Ambiental.

A manutenção do contrato foi anunciada na sexta-feira (14) pelo prefeito Emanuel Pinheiro, que após 45 dias de extensão de intervenção no setor – outros dois decretos de 180 dias tinham sido baixados na gestão anterior – disse ter ficado “amarrado” ao aditivo firmado por Mendes em novembro passado.  E a decisão alternativa seria decretar a caducidade do contrato e retornar a administração dos serviços para a prefeitura.

“Anuncio esta decisão contrariado. Estou engolindo sapo com arame farpado. Estou preso ao ato vinculado do aditivo feito no fim do ano passado e sobre o qual nem fui informado. Houve boa-fé do meu antecessor no acordo, mas não pude exigir mais nada para melhorar os serviços de Cuiabá”.

Anuncio esta decisão contrariado. Estou engolindo sapo com arame farpado. Estou preso ao ato vinculado do aditivo feito no fim do ano passado e sobre o qual nem fui informado. Houve boa-fé do meu antecessor no acordo, mas não pude exigir mais nada para melhorar os serviços de Cuiabá.

É o primeiro confrontamento de Pinheiro às suas declarações de campanha eleitoral, no ano passado. Ele dizia de “tirar a CAB” do comando dos serviços de saneamento. O mote é o fiasco da CAB Cuiabá na execução de serviços previstos em contrato em cerca de quatro anos, de 2012 e a 2015. Relatório da Arsec (Agência Municipal de Regulação dos Serviços Públicos Delegados de Cuiabá) mostra que índices de meta de melhorias nas redes de água e esgoto ficaram estacionados no período.

A decisão pela manutenção do contrato foi baseada em poucas garantias práticas para execução de serviços. O procurador geral do município, Nestor Fidélis, explica que no acordo em aditivo firmado no fim do ano passado os gerenciadores da CAB Ambiental deveriam comprovar capacidades técnica e financeira para executar R$ 1,4 bilhão nos primeiros sete (de 25) anos de contrato.

“O grupo apresentou documentos que mostram isso, mas o prefeito queria garantia de know-how, de quem vai executar os serviços, e somente no fim do prazo [de 45 dias] fomos informados de que a empresa que vai continuar será a mesma que estava anteriormente, e ela tem capacidade”.

Em maio, quando encerrou o segundo decreto de 180 dias, a CAB Ambiental apresentou a multinacional CH2M como responsável pela operação de serviços, mas a indicação foi rejeitada pelo prefeito Emanuel Pinheiro por falta de comprovação de conhecimento em execução de serviços.

“A empresa admitiu que houve falha por ficar para o final do prazo a confirmação da empresa já conhecida como a operadora. Isso gerou insegurança para a prefeitura, mas, volto a repetir, eles conseguiram comprovar a capacidade técnica”.

Na área financeira, o grupo composto pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Banco Votorantim, Banco Bradesco, e o Grupo Galvão, que integra a CAB Ambiental, será administrado pela RK Partners, holding que assume a maioria das ações financeiras.

Além de R$ 1,4 bilhão em serviços ao longo dos sete anos iniciais, a Iguá Saneamento deverá executar R$ 204 milhões em prazo de 18 meses, como plano emergencial.

Grupo terá diretor indicado pela prefeitura

A prefeitura de Cuiabá deverá indicar um diretor para compor o quadro administrativo de Águas Cuiabá para os próximos quatro anos. O procurador do município, Rober Caio Martins Ribeiro, diz que a indicação é uma exigência prevista em contrato para o acompanhamento dos serviços de saneamento.

“A prefeitura vai fazer fiscalização diária do serviço e qualquer falha não será tolerada, com a possibilidade imediata de declaração de caducidade do acordo”.

Ele diz que a transferência do comando de ações do grupo (BNDES, Votorantim, Bradesco e Grupo Galvão) para RK Partners é outra medida de garantia de cumprimento do contrato com aditivo assinado em novembro de 2016.

“A CAB Ambiental, que tem outras concessões no país, saiu da gerência da CAB Cuiabá e um novo grupo (Iguá Saneamento) agora é o responsável. Todo o comando do grupo mudou”.

Cuiabá é a maior concessão da CAB Ambiental no país. Ela presta serviços em outros 17 Estados, como São Paulo, Alagoas, Paraná e Santa Catarina. Conforme o procurador Nestor Fidélis, o contrato da empresa com outros municípios está vinculado ao acordo em Cuiabá, como exigência das prefeituras para manutenção da concessão.                                                                                                 

  

 

 

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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