Foi no final da década de 1970 que Zélia Gattai publicou seus livros, debruçando-se a narrar sobre a sua trajetória de vida, informando sobre a sua própria educação/instrução, a sua relação com a família, a sua rede de amizades e sobre outras questões. Desta forma, criou uma memória de si, olhando para o passado, tentando recuperar as lembranças dos momentos vividos. Para adultos publicou: Anarquistas graças a Deus (1979), Senhora Dona do Baile (1984), Crônica de uma namorada (1996), A casa do Rio Vermelho (1999), dentre outros.
Também escreveu para crianças, dentre eles: O segredo da Rua 18 (1991), Jonas e a sereia (2000). O primeiro deles, lançado em 1989, foi Pipistrelo das mil cores. Pipistrelo, do gênero Pipistrellus, significa pequenos morcegos europeus, de cor castanho-fulva.
Pipistrelo é um bicho muito curioso que foi achado no meio do mato, nos confins do Pantanal, nadando em uma lagoa azul. Infelizmente, eram três os caçadores ali à espreita e eles não perderam a chance de capturá-lo e levá-lo para a cidade, onde organizaram um leilão para tirar o melhor proveito possível de sua caça mais preciosa.
Parecido com um dragão dos contos de fadas, Pipistrelo tinha asas de seda que mudavam de cor. E como não tinha voz, expressava seus sentimentos ao mudar a cor de suas asas. Os malvados caçadores acabam na prisão e o coitado do Pipistrelo vai parar em um zoológico do Rio de Janeiro – afinal ele era um espécime único, e precisava ser estudado.
Com as asas roxas de tristeza, Pipistrelo não quer mais comer. Até que um grupo de crianças, todas da mesma classe, vai fazer um passeio no zoológico e consegue se aproximar do dragão. E os nossos heróis conseguem mais: eles convencem Pipistrelo a comer e se arriscam para conseguir soltá-lo. Pipistrelo vai embora voando, exibindo em suas asas as cores da bandeira do Brasil. Um belo livro que representa a fraternidade entre o homem e a natureza escrito com simplicidade conquistando o coração de crianças e adultos.