A defesa do ex-secretário de Estado, Pedro Nadaf, afirmou que a delação homologada pelo ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), é decorrente da Operação Ararath, processo esse em que o magistrado é relator.
Normalmente os processos que passam a tramitar em segunda instância – no Tribunal de Justiça, Superior Tribunal de Justiça ou STF – envolvem denúncias contra autoridades que possuem a prerrogativa do foro privilegiado.
Segundo o advogado, Omar Khalil, a suposta citação de políticos ou autoridades não seria o motivo da delação ser homologada pelo ministro.
“Não é nem com relação as pessoas que foram citadas. Mas, desde o início, foi uma decisão dele [Pedro Nadaf]. Quando ele ainda estava em custódia ele manifestou esse interesse e nós fomos intermediando para fazer essa colaboração", disse o advogado.
A informação foi confirmada pela juíza Selma Arruda, da Vara Contra o Crime Organizado da Capital, na tarde desta segunda-feira (3) durante audiência referente a ação penal derivada da 4ª fase da Operação Sodoma, que investiga fraude de R$ 15,8 milhões na desapropriação de uma área localizada no Bairro Jardim Liberdade, em Cuiabá, no ano de 2014. A área foi avaliada em R$ 31,7 milhões.
O processo ainda corre em segredo de Justiça.
Sodoma X Ararath
Deflagrada em 2013 pela Polícia Federal, a Operação Ararath investigou crimes de lavagem de dinheiro e corrupção, por meio de 'bancos clandestinos'. Desde então outras fases deram continuidade operação, que prendeu políticos e empresários mato-grossenses, como o ex-secretário estadual da Casa Civil e da Copa, Éder Moraes, e o ex-governador Silval Barbosa.
Em uma investigação da Polícia Civil acerca da Operação Sodoma, Nadaf foi apontado como o destinatário de cerca de R$ 203 milhões de empresas investigadas na Ararath, por meio da NBC Consultoria, Assessoria e Planejamento Ltda., cadastrada no nome do próprio ex-secretário e de seu filho, o Pedro Jamil Nadaf Filho.
O relatório da movimentação bancária aponta que os recebimentos ocorreram por meio de várias empresas entre os anos de 2012 e 2013. Em outra quebra de sigilo bancário foram identificados, entre os anos de 2011 e 2015, o recebimento de mais R$ 3,6 milhões.
Primeira delação de Nadaf
Desde que decidiu colaborar com as investigações ao confessar os crimes que cometeu acerca da Operação Sodoma, esta é o primeiro acordo de delação que Pedro Nadaf assina.
A eventual delação de Nadaf, que agora se confirma, é levantada nos bastidores da política e judiciário desde o ano passado, quando o ex-secretário resolveu confessar sua participação em crimes investigados na Operação Sodoma.
A delação foi feita no âmbito da Procuradoria Geral da República (PGR), por envolver nomes com foro por prerrogativa de função. Por conta do segredo de Justiça, durante a audiência, Selma Arruda pediu que os advogados que tiveram acesso à delação não a divulguem ainda.
Nadaf ficou preso entre os meses de setembro de 2015 e setembro de 2016, após passar a colaborar com as investigações.
A colaboração de Nadaf também já havia sido comentada em decisão proferida pela juíza em fevereiro deste ano, quando autorizou o cumprimento de mandados de prisão e busca e apreensão no âmbito da 5ª fase da Sodoma.
{relacionadas}