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Funcionária do Sicoob teria cobrado dinheiro para facilitar esquema

A funcionária da agência do Banco Sicoob localizada no interior do Tribunal de Contas do Estado (TCE-MT), Elizabeth Aparecida Ugolini, teria cobrado dinheiro para facilitar a realização do suposto esquema de lavagem de dinheiro envolvendo a Fundação de Apoio ao Ensino Superior Público Estadual (Faespe).

O apontamento consta na decisão da juíza Selma Arruda, da Vara Contra o Crime Organizado da Capital, que autorizou o cumprimento do mandado de condução coercitiva contra Elizabeth e outras 12 pessoas, na 2ª fase da Operação Convescote, deflagrada na manhã desta sexta-feira (30), em Cuiabá e Cáceres.

Conforme Selma, os investigados João Paulo Silva Queiroz e Marcos Moreno Miranda, ainda na 1ª fase, confessaram ter aberto empresas “fantasmas” – em que recebiam valores e atestavam por serviços supostamente prestados pela Faespe, em convênios firmados com órgãos públicos, como a Assembleia Legislativa, Tribunal de Contas do Estado (TCE-MT), Secretaria de Estado de Infraestrutura e Logística (Sinfra) e a Prefeitura de Rondonópolis – e confirmado o envolvimento de Elizabeth.

A bancária teria relação com Cláudio Roberto Borges Sassioto, servidor terceirizado do TCE-MT e apontado pelo Gaeco como sendo um dos articuladores do esquema criminoso.

“Estes empresários relataram a suposta participação de uma pessoa conhecida como Bete, identificada como sendo Elizabeth Aparecida Ugolini, funcionária do Sicoob, que permitir que Cláudio Roberto Borges Sassioto gerenciasse as contas bancárias de ambos”, diz trecho 

Segundo a magistrada, João Paulo Queiroz teria dito aos promotores, que a bancária cobrou participação no esquema, para continuar ajudando.

“Consta, ainda, que o empresário João Paulo da Silva Queiroz teria confessado, inclusive, que Elizabeth, para agir desta forma, teria pedido dinheiro para os suspeitos”, declarou, Selma.

Na decisão, a magistrada também apontou que a análise bancária levada pelo Gaeco, indica que uma das funcionárias da Faespe, Jocilene Rodrigues de Assunção, chegou a efetuar quatro depósitos bancários em favor da bancária. O total dos repasses foi de R$ 5.398,00.

Fác-simile de trecho da decisão de Selma Arruda

Marcos Miranda, em seu depoimento ao Gaeco, também revelou encontros rotineiros com Elizabeth. Segundo ele, em fevereiro de 2016 – quando abriu a empresa de “fachada”, 3M -, acompanhado de Cláudio Sassioto, foi até a agência do Banco Sicoob, localizada no interior do TCE-MT, em Cuiabá, para abrir uma conta corrente em nome da empresa.

No depoimento, o investigado afirmou que em abril de 2016 recebeu o primeiro montante de dinheiro depositado pela Faesp, no entanto, não se recorda do valor.

Após o dinheiro ser depositado, segundo Marcos Miranda, Cláudio Sassioto entrou em contato solicitando que ele fosse até o TCE-MT, para que sacassem o dinheiro na agência do Sicoob juntos.

“Sacamos na ‘boca do caixa’ a importância disponível, sendo que o restante foi preciso falar com uma tal de ‘Bete’ – uma mulher alta, magra, cabelos loiros, olhos claros, aparentando de 30 a 35 anos de idade -, que dizia ser a gerente da agência”, relatou.

Conforme o investigado, Cládio Sassioto pediu para ele deixar assinado uma ordem de saque com o valor em branco, para que, posteriormente, ele sacasse o restante do dinheiro.

“Outras vezes eu transferia diretamente da minha conta corrente para a conta corrente de Cláudio. Em outras vezes, eu deixava com a tal ‘Bete’, ordens de saque em branco assinadas para que, posteriormente, Cláduio fizesse o saque do saldo remanescente”, declarou.

Condução coercitiva

Conforme Selma Arruda, tais apontamentos feitos pelos investigados e  Gaeco, justificam a decretação da condução coercitiva.

“O fato de haver prova advinda do cruzamento de dados bancários com depósitos de valores feitos por Jocilene Assunção, aliado às declarações acima descritas, denota que pode estar envolvida no contexto criminoso, o que indica a necessidade de que seja inquirida a respeito, não apenas para elucidar o motivo dos depósitos, mas também para esclarecer seu eventual envolvimento”, afirmou.

Operação Convescote

Na primeira fase, deflagrada no dia 20 de junho, o Gaeco apontou que o esquema envolvendo a Faespe teria desviado valor superior a R$ 3 milhões de órgãos públicos, como a Assembleia Legislativa, Tribunal de Contas do Estado, Secretaria de Estado de Infraestrutura e Logística (Sinfra) e a Prefeitura de Rondonópolis.

De acordo com o Gaeco, o esquema funcionava da seguinte maneira: instituições públicas firmavam convênios com a Faesp para prestação de serviços de apoio administrativo. A Fundação, por sua vez, contratava empresas de fachadas para terceirização de tais serviços. Ao final, os recursos obtidos eram divididos entre os envolvidos, sendo que o responsável pela empresa normalmente ficava com uma pequena porcentagem do montante recebido e o restante era dividido entre funcionários da fundação e servidores do TCE.

Na 1ª fase tiveram a prisão preventiva decretada: Claudio Roberto Borges Sassioto, Marcos Moreno Miranda, Luiz Benvenuti Castelo Branco de Oliveira, Jose Carias da Silva Neto Neto, Karinny Emanuelle Campos Muzzi de Oliveira, João Paulo Silva Queiroz, José Antônio Pita Sassioto, Hallan Goncalves de Freitas, Marcos Jose da Silva, Jocilene Rodrigues de Assunção e Eder Gomes de Moura.

Karinny Emanuelle Campos Muzzi de Oliveira, Jocilene Rodrigues de Assunção e Marcos Moreno Miranda tiveram suas prisões preventivas convertidas em prisão domiciliar.

João Paulo Silva Queiroz teve soltura decretada.

 

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