A Associação dos Oficiais da Polícia e Bombeiro Militar de Mato Grosso (Assof-MT) negaram que o corregedor-geral e o diretor de Inteligência da Polícia Militar, coronel Alexandre Côrrea Mendes e o tenente-coronel Victor Paulo Fortes Pereira, respectivamente, teriam vazado informações sigilosas no âmbito do inquérito e ação judicial que investiga a existência de suposta central de interceptações telefônicas ilegais evolvendo membros militares e do Palácio Paiaguás.
Em entrevista ao MTTV, telejornal da Rede Globo, o presidente da Assof-MT, tenente-coronel Wanderson Nunes de Siqueira, admitiu que houve uma reunião na Casa Militar, no entanto negou que os policiais divulgaram informações sobre a operação.
“Eles foram a Casa Militar para se reunir com o chefe da Casa Militar, para tratar de assuntos institucional da Polícia Militar. Chegando lá, durante a reunião que eles estavam tendo, é que adentraram a sala o chefe da Casa Civil [José Adolpho] e o secretário de Justiça e Direitos Humanos [Airton Siqueira] e tiveram uma conversa informal. Eles garantem que não houve vazamento nenhum de informação”, relatou.
Siqueira ainda afirmou que os oficiais teriam foram pegos de surpresa com a notícia do suposto vazamento. “Terminado a reunião, retornaram às suas atividades e mais tarde foram surpreendido com o nome deles sendo aventado como vazamento de informações sigilosas em relação a cumprimento de busca e mandado e apreensão”, completou.
Na última sexta-feira (23), seis oficiais militares foram presos por determinação do desembargador Orlando Perri, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJ-MT), em decorrência do escândalo dos grampos. Mendes e Fortes foram presos administrativamente suspeitos do vazamento e, supostamente, avisar aos três secretários que eles seriam presos.
O chefe da Casa Militar afastado, coronel Evandro Alexandre Ferraz Lesco, o secretário adjunto, coronel Ronelson Barros, o tenente-coronel Januário Batista e um cabo identificado como Toresan fazem parte dos quatro presos preventivamente, por suposto envolvimento nas interceptações telefônicas ilegais no Estado.
Para a associação dos oficiais, as prisões foram desnecessárias. “Os requisitos que justificam uma prisão provisória, no caso deles administrativas, seria coação de testemunha, obstrução à Justiça, o que não aconteceu. As prisões determinadas pelo Tribunal de Justiça foram todas cumpridas. Então, entendemos que houve total perda do objeto e não há necessidade da manutenção deles presos”, declarou em entrevista.
Por conta do vazamento, o governador Pedro Taques decidiu trocar, pela quarta vez, o Comando-Geral da PM. O coronel Jorge Luiz de Magalhães, que estava na função desde abril de 2016, foi substituído pelo coronel Marcos Vieira da Cunha.
“O coronel Jorge Luiz era a pessoa que estava dando total apoio as investigações. Agora a gente fica com receio, não se sabe qual o rumo que isso vai dar”, disse o presidente da associação.
O vazamento
O governador Pedro Taques elaborou um documento relatando a tal reunião entre os oficiais militares no Palácio Paiaguás. O material foi encaminhado ao desembargador Orlando Perri, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJ-MT) – responsável pela condução da ação -, na manhã de sexta-feira.
Conforme o governador, os secretários Lesco, José Adolpho de Lima Avelino Vieira (Casa Civil), e Airton Siqueira, foram abordados, no gabinete da Casa Militar pelo coronel Alexandre Corrêa Mendes e pelo tenente-coronel Victor Paulo Fortes Pereira, respectivamente corregedor-geral e diretor da PM (veja documento abaixo).
Na abordagem, o corregedor-geral e diretor teriam orientados os secretários a se prepararem, pois eles haviam sido chamados pelo coronel Jorge Catarino de Moraes, encarregado do Inquérito que apura os grampos no Estado, para a realização de uma operação, com mandados de prisão e busca e apreensão, tendo como alvos a Casa Militar e servidores do local.
No documento, Taques diz que “por não compactuar com vazamentos de informações sigilosas, quebra de segredo de justiça e cometimento de crimes, pois, no mínimo, e, em tese, o corregedor e o oficial cometeram os delitos de quebra de sigilo de informações”.
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