Política

Senado vai revisar compensação financeira a Estados exportadores

Uma comissão mista foi criada no Senado para revisar os parâmetros de compensação da União aos Estados exportadores, cujas atividades do agronegócio estão protegidas contra taxação pela Lei Kandir. A proposta do senador Wellington Fagundes (PR), que criou a comissão, é que haja compensação de 100% do montante que os Estados deixam de recolher da venda de commodities. Um projeto de lei já foi elaborado e protocolado na Casa.

A primeira audiência da comissão será realizada no dia 10 de julho, em Cuiabá, e terá participação da Associação Mato-grossense dos Municípios (AMM) e membros da comissão.

Hoje, esse quantia está longe do que os Estados perdem anualmente com a falta de cobrança de imposto na produção de carne, da soja e do milho, por exemplo

“Nossa proposta é que os Estados recebam totalmente o valor que têm, por conta da compensação da União com exportações. Hoje, esse quantia está longe do que os Estados perdem anualmente com a falta de cobrança de imposto na produção de carne, da soja e do milho, por exemplo”, disse o senador.

A compensação de exportação de commodities é transferida pela União por meio do FEX (Auxílio Financeiro para Fomento às Exportações). Mato Grosso, o Estado com maior volume de exportação, perde anualmente R$ 5 bilhões com a isenção de cobrança de imposto sobre o setor. No entanto, os repasses realizados pelo governo ficam abaixo de 10% desse valor. Em 2016, o governo federal liberou R$ 391,7 milhões.

“Isso também afeta os municípios que também possuem uma compensação muito baixa. A perda anual deles fica entre R$ 1,5 bilhão e R$ 2 bilhões. Com esse valor na conta anualmente, não existiria município pobre em Mato Grosso, consequentemente, não passaríamos por crises como a da saúde”, disse o presidente da AMM, Neurilan Fraga.

Decisão do STF

A criação da comissão mista no Senado foi impulsionada por decisão do STF (Supremo Tribunal Federal), em novembro de 2016, de estabelecer prazo para que Congresso crie e votação um novo regulamento que seja mais favorável aos Estados e municípios que à União.  Deputados e senadores têm 12 meses para aprovar a mudança.

A Lei Kandir isenta de ICMS as exportações de produtos primários e semielaborados. Até 2003, garantiu aos estados o repasse de valores para compensar perdas decorrentes da isenção de ICMS, mas, a partir de 2004, a Lei Complementar 115, embora mantendo o direito de repasse, deixou de fixar o valor. Com isso, os governadores precisam negociar a cada ano com o Executivo federal o montante a ser repassado, mediante recursos alocados no Orçamento da União.

A Lei Kandir determina ainda que uma lei complementar normatize os repasses para compensar os estados com a perda da arrecadação tributária sobre a exportação de produtos e serviços. Essa norma, no entanto, ainda não foi regulamentada pelo Congresso.

Redação

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