Agronegócio

Produtores de MT aprendem sobre os canais de produção na França

Foto Reprodução

A Escola de Engenharia de Purpan, localizada em Toulouse no Sul da França, foi o primeiro destino dos participantes da Missão Técnica promovida pela Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Mato Grosso (Senar-MT) ao país europeu. Fundada em 1919, Purpan é segunda maior escola de ciências agrárias da França, onde cerca de 200 profissionais são formados todos os anos. 

Além de conhecer a história e o campus da escola, os laboratórios de agrofisiologia, de processamento de alimentos, uma estação experimental e stevia (planta com propriedades adoçantes), o grupo, formado por produtores rurais, presidentes de sindicatos rurais, diretores e técnicos do Sistema Famato, também aprendeu sobre os circuitos (ou canais) curtos de produção.

A professora sul-mato-grossense Mélise Machado, que está há quase 10 anos em Toulouse, apresentou ao grupo o funcionamento dos canais curtos na França. Segundo ela, os canais curtos consistem na redução das distâncias entre o produtor e o consumidor final. "Diferente dos canais tradicionais onde há a figura do negociador, dos abatedouros e de outros intermediários, nos canais curtos o agricultor é o responsável por produzir e fazer os demais papéis", explica a professora.

De acordo com Mélise, o governo francês implantou em 2010 um plano para fomentar os canais curtos no país. O grande objetivo dessa venda direta é permitir que o produtor tenha um valor agregado maior, com uma captação de riqueza muito grande.

Ela lembra que a negociação por meio dos canais curtos não é algo novo, mas que foi se perdendo ao longo do tempo. "Desde a origem da produção agrícola era assim, há muito tempo o produtor já vendia direto para o seu consumidor, seja por meio das feiras, dos sacolões entre outros. Com o desenvolvimento demográfico e a abertura de mercados os canais longos cresceram".

O diretor Administrativo Financeiro da Famato Vilmondes Tomain lembra que no Brasil, por conta do modelo de produção em larga escala, os canais longos são predominantes e por muitas vezes o produtor perde parte do valor do que é produzido. "No nosso país são vários intermediários até chegar ao consumidor final. É neste processo que nós, produtores, perdemos uma boa fatia daquilo que produzimos".

Na França, os canais curtos ganham cada vez mais espaço. A professora conta que existem várias iniciativas, inclusive coletivas, para incentivar essa tendência. Segundo ela, um movimento que nasceu no Japão tem crescido na França. "As pessoas se juntam no início do ano e fecham um contrato com o produtor, se comprometem a comprar um número pré-determinado de produtos. E se, por acaso, o produtor precisar de ajuda, esses consumidores vão para a fazenda ajudar".

A qualidade dos produtos e o dispositivo de comercialização é fiscalizada pelos órgãos consulares da França. Para Mélise, o produtor está vivendo um processo de transformação no país, no qual deixa de ser apenas produtor e torna-se multifuncional, fazendo seu próprio marketing, sua contabilidade dentre outras funções.

O produtor e presidente do Sindicato Rural de Aripuanã, Aparecido Piola, acha a tendência interessante, entretanto acredita que seja difícil implantá-la no Brasil. "Nossa cultura e realidade são diferentes, também não há políticas públicas que permitam a existência da venda direta com qualidade em nosso país, quem sabe no futuro essa seja uma alternativa".

Missão Técnica – Ainda em Toulouse, os produtores vão visitar propriedades de soja orgânica e outras que agregam valor à produção. Eles também vão conhecer a produção em Aveyron.  Depois, seguem para o Vale Loire onde visitarão a  Terrena – La Nouvelle Agriculture, uma cooperativa agrícola com 130 anos de história que conta com cerca de 29 mil agricultores associados. Por último, vão até  Paris aprender um pouco mais sobre as políticas agrícolas do país em uma visita ao Ministério da Agricultura da França.

Os representantes das três fazendas ganhadoras do Prêmio Sistema Famato em Campo Edição 2016 estão participando da missão. Em uma das visitas, serão apresentados seus "cases" de sucesso para os produtores franceses. O objetivo é mostrar como funciona a agropecuária desenvolvida em Mato Grosso. 

Para saber mais sobre a Missão Técnica França, acesse o Blog da Famato www.blogdafamato.wordpress.com e as redes sociais www.facebook.com/sistemafamato e @sistemafamato (instagram).

Com assessoria

Redação

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