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O Conselho Estadual dos Direitos da Mulher do Estado de Mato Grosso divulgou uma nota em repúdio ao médico Jarbes Balieiro Damasceno acusado de ter praticado violência obstétrica contra Rosa Maria Martins Pires e que teria ocasionado a morte do seu bebê no dia 29 de maio passado, em Cáceres (220 km de Cuiabá/MT).
Na nota, o Conselho aponta que Rosa Maria se viu agredida em seus direitos mínimos quando clamou ao médico para que realizasse parto cesárea, pedido que não teria sido atendido pelo médico.
De acordo com o pai da criança, Roni Willian Cuyabano do Couto, sua esposa submetida a inúmeros procedimentos que não desejava, inclusive, a manobra de Kristeller, que não é aconselhável pela Organização Mundial de Saúde em nenhuma ocasião.
“A Sra. Rosa experimentou abusos e agressões no momento de parir, mencionando que o tratamento a ela dispensado foi pior do que se dá a animais. Por último, após as variadas formas de violência obstétrica a que foi submetida, sofreu hemorragia interna, pelos muitos ferimentos ocasionados em seus órgãos internos. E ao invés de levar a sua tão esperada filha para casa, a levou para o cemitério”, narra o Conselho.
A nota segue citando que repudia o atendimento prestado à vítima e que não compactua com qualquer forma de discriminação, humilhação, abuso ou constrangimento, que geram violência.
O caso
Rosa Maria Martins Pires, de 27 anos, estava grávida de nove meses quando deu entrada no Hospital São Luís, em Cáceres no último dia 29, já em trabalho de parto. Ela teve hemorragia durante o parto e o bebê morreu na segunda-feira (5), na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da unidade.
No boletim de ocorrências o marido Roni William Cuiabano do Couto relata que a mulher e o filho foram vítimas de violência obstétrica.
A irmã de Roni, Carmem Regina Cuiabano do Couto, contou que a cunhada entrou em trabalho de parto por volta de 9h daquele dia e foi atendida pelo médico.
Um exame de ultrassom, feito às 15h, indicou que a mulher já estava sem líquido amniótico, responsável também por proteger o feto de movimentos bruscos, porém o médico teria insistido no parto normal.
Rosa só foi atendida às 21h, quando as dores já eram insuportáveis. "Nesse horário, a cabeça do bebê já podia ser vista, mas o médico empurrou o bebê de volta para o ventre materno, pois uma enfermeira gritou que não era para sujar o local de sangue", relatou Roni.
A mulher encaminhada para o centro cirúrgico duas horas depois, às 23h, e lá sofreu hemorragia interna de tanto as enfermeiras pressionarem a sua barriga para forçar o parto normal.
"Os pontos da cesárea anterior estouraram. Por isso, ela precisou passar por uma cirurgia e foi para a UTI. Ela sentia tanta dor que pensou que estava com as costelas quebradas", disse.
O bebê também foi encaminhado para a UTI, pois nasceu praticamente sem sinais vitais, mas não resistiu e faleceu nesta segunda-feira (5).
Ainda segundo o boletim, a mãe sofreu agressões verbais por parte do médico. "Ele perguntava se ela queria que ele parisse no lugar dela, pois ela era muito mole", diz o boletim de ocorrência.
A direção do Hospital São Luís informou que o médico Jarbes Balieiro Damasceno, especialista em ginecologia e obstetrícia, foi afastado no dia seguinte ao parto até que o caso seja investigado.
Mário Kaoro, diretor do hospital, garantiu que faria notificação ao Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso (CRM) e informou que vai esperar o resultado da investigação da comissão de ética para tomar outras providências.
Em entrevista a uma emissora de televisão, Jarbes Damasceno negou todas as acusações.