Cidades

Duas pessoas morrem de câncer por dia em Cuiabá

Crédito: Larry Stanley Photograpfy 

Cuiabá registrou 635 mortes por câncer em 2016. Os dados, fornecidos pela Secretaria Municipal de Saúde da capital ao Circuito Mato Grosso, mostram que foram registradas, em média, duas mortes por dia em um ano para cada 100 mil habitantes.

Foram 84 mortes causadas por câncer de pulmão, 69 por câncer de mama, 52 por câncer de próstata, 48 por câncer no estômago e 24 em decorrência ao câncer do colo de útero. Outros casos não foram divulgados.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), até 2030 serão registrados cerca de 22 milhões de novos casos da doença, considerada uma das principais causas de morte no mundo, com mais de 32 milhões de casos e a terceira causa de óbito no Brasil. O Instituto Nacional do Câncer (Inca) estima a ocorrência de 600 mil novos casos no biênio 2016/2017.

Os tipos mais frequentes em homens serão próstata (28,6%), pulmão (8,1%), intestino (7,8%), estômago (6,0%) e cavidade oral (5,2%). Nas mulheres, os cânceres de mama (28,1%), intestino (8,6%), colo do útero (7,9%), pulmão (5,3%) e estômago (3,7%) figurarão entre os principais.

E o câncer não escolhe classe social. Rose Sachetti, esposa do deputado federal Adilton Sachetti (PSB) e ex-prefeito de Rondonópolis, faleceu aos 60 anos após lutar contra uma leucemia em abril deste ano. Em 2012, venceu o câncer de mama e em 2015 foi diagnosticada com mieloide aguda.

Rose Sachetti estava internada no Hospital Beneficência Portuguesa em São Paulo. E chegou a realizar um transplante de medula óssea em 2016. Pouco depois, no mesmo ano, Rose apresentou retorno da doença e foi submetida a um novo transplante, desta vez de linfócitos, que são um tipo de célula de defesa do organismo, também conhecidos como glóbulos brancos.

Nos últimos anos se tornou ativista de causas sociais em combate à doença, como a campanha para doação de medula óssea que encabeçou no estado, tornando-se um símbolo estadual dessa luta. Rose deixou três filhos e quatro netos. 

Maria Santíssima

A jornalista Maria Santíssima Lima, a Santíssima, faleceu após se submeter a uma cirurgia na laringe, devido a um câncer. A servidora da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) atuou por 30 anos na instituição e exercia o cargo de chefe de gabinete da Reitoria.

O estado de saúde dela se agravou e ela foi internada na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) de um hospital da capital. Maria Santíssima deixou marido, filha e muitos amigos.

Ciro José da Silva

O tricampeão mato-grossense na categoria Graduados, o ex-piloto de motocross e empresário Ciro José da Silva, o Cirinho (35), morreu vítima de câncer. Cirinho iniciou tratamento quimioterápico contra um tumor maligno e sofreu uma parada cardíaca, sendo internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em um hospital. Ele não resistiu e veio a óbito em fevereiro de 2016.

Câncer de mama é o mais comum entre as mulheres

Um dos tipos cânceres mais comuns nas mulheres é o de mama. De acordo com o médico cirurgião oncológico Lauzamar Salomão, entre as causas está a não amamentação, o uso prolongado do anticoncepcional e fatores genéticos.

“A amamentação é um fator protetor. Se a mulher não amamenta, ela tem um risco relativo de desenvolver câncer de dois pra um. Aliado a uma gestação tardia, a uma exposição prolongada de estrogênio e hormônios, à ingestão de carnes, falta de atividade física, tudo isso leva a uma incidência maior”, explicou.

O médico enfatiza que as mulheres não precisam deixar de tomar o anticoncepcional, mas devem ficar atentas ao tempo-limite de segurança que gira em torno de cinco a dez anos. “É um limite: quando se ultrapassa muito e a mulher já em uma idade mais avançada, de 35 a 40 anos, persiste no uso do anticoncepcional, isso aumenta o seu risco”.

Câncer de próstata

No Brasil, o câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens (atrás apenas do câncer de pele não melanoma). Em valores absolutos e considerando ambos os sexos, é o quarto tipo mais comum e o segundo mais incidente entre os homens. É considerado um câncer da terceira idade, já que cerca de três quartos dos casos no mundo ocorrem a partir dos 65 anos.

Sete novos casos são diagnosticados em Cáceres diariamente

O Centro de Oncologia do Hospital Regional de Cáceres (217,6 km de Cuiabá) registra em média sete novos casos de câncer diariamente. Entre os casos, os mais comuns são: câncer de pele, mama, próstata, intestino e colo do útero.

O local atende pacientes de 22 municípios da região Oeste, da própria Cáceres e até mesmo de cidades de outros estados. Entre atendimentos, pequenas cirurgias, quimioterapia ou até mesmo grandes cirurgias, o Centro Oncológico atendeu, só nos três primeiros meses deste ano, 3.192 pacientes.

A situação, de acordo com o diretor e médico oncologista Eduardo Marques, é preocupante. Segundo ele, Cáceres está inserida na estatística nacional que aponta, em média, óbito de 30 a 40% dos novos pacientes em tratamento. “Isso acontece porque só se descobre a doença em estágio avançado”, contou.

Entre as situações mais graves está a demora para realização do exame de mamografia, procedimento que possibilita a detecção do câncer de mama. O especialista contou que a fila de espera em alguns casos chega a mais de um ano. “A estimativa é que tenhamos mais de 5 mil mulheres esperando por mamografia em Cáceres e região”, revelou.

Com a demora na realização do exame, que é feito em uma única máquina, muitas mulheres acabam não comparecendo, desistindo, além das que têm condições de procurar o sistema privado, e o fazem.

“Muitas dessas mulheres deixam o pedido na secretaria, aí transcorrem três, quatro meses, ninguém liga para fazer o exame, elas acabam fazendo no particular. Então o problema é de gestão, o número de aparelhos não é suficiente para o número de pacientes que procuram o atendimento”, analisou Eduardo.  

Devido à demora, a chance de cura diminuiu muito. Segundo o médico, 70% das mulheres que chegam ao atendimento médico hoje já estão com tumor acima de cinco centímetros, considerado avançado. “Quando ela chega, ela só tem, de cara, 30% de chances de cura. Então de cada dez mulheres que chegam sete têm o câncer avançado e, dessas, só duas vão se curar. Essa é a realidade”.

Centro de Oncologia funciona desde 2011

Todo atendimento e os medicamentos oferecidos na rede são gratuitos e mantidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Em média, são realizadas 200 quimioterapias e 200 cirurgias oncológicas mensalmente no local. A equipe é composta por três cirurgiões oncológicos, mastologista, urologista e cirurgião geral. Esses, além da equipe composta de enfermeiros, nutricionista, assistentes sociais e outros profissionais do quadro clínico.

“O serviço aqui foi autorizado pelo SUS e funciona. Nós temos o Centro de Oncologia grande desde 2011. Hoje nós estamos operando com mais tranquilidade. E só não fazemos radioterapia porque não temos o aparelho ainda”, frisou o médico Eduardo Marques.

De acordo com Eduardo, dois pontos ainda deficitários do Centro são a estrutura física e a aparelhagem. “O Centro Cirúrgico conta com seis salas para os mais diversos procedimentos. Mas somente quatro estão funcionando. Duas permanecem fechadas”.

Seriam necessárias mais duas mesas cirúrgicas, além de mais dois equipamentos de anestesia e dois conjuntos de foco cirúrgico para dobrar a capacidade de cirurgias, reduzindo assim as filas.

“Se houvesse investimento em um aparelho de videocirurgia, poderíamos estar operando pacientes de cirurgia oncológica, cirurgia geral e ortopedia, com técnicas minimamente invasivas, pois o hospital tem equipe habilitada pra isso. O que nos limita é a disponibilidade de material”, salientou.

O médico cobra mais empenho e determinação dos gestores estaduais e municipais. “O tratamento e cura dependem do fator tempo. Quem pode controlar o tempo e acelerar a fila é o gestor. Assim que houver um compromisso do poder público para a prevenção do câncer, nós vamos sair dessa estatística que temos hoje”.

Entre Laços e Abraços

O projeto Entre Laços e Abraços busca, por meio de palestras, dar acesso ao tratamento correto do câncer, melhorando a qualidade de vida da população. De autoria do médico oncologista Eduardo Marques, viaja pelos municípios do Estado informando e conscientizando as pessoas sobre a importância do diagnóstico precoce da doença.

Para saber mais informações sobre o projeto acesse o facebook: Projeto Entre Laços e Abraços e fique por dentro das novidades.

Aparelho de mamografia está há um mês e meio parado

Pelo menos 60 mulheres deixaram de realizar o exame de mamografia no Hospital de Câncer de Mato Grosso (HCan-MT) nos últimos 45 dias. A informação obtida pelo Circuito Mato Grosso revela que após a necessidade de troca de uma peça no aparelho o atendimento não está sendo feito na unidade filantrópica na capital.

Desde que passou a funcionar, em 2015, a máquina que realiza os exames de forma gratuita passou a operar e sanar a demanda diária da unidade. Em 2016, o Hospital de Câncer realizou 6 mil mamografias. Ao receber a manutenção, foi preciso trocar uma peça e por isso está parada enquanto a troca não é feita.

“Nossa preocupação é séria, mas nós estamos em momento de manutenção e essa manutenção precisa acontecer. Eu não sei precisar quanto tempo isso vai levar, mas o hospital já fez o pedido da peça que é importada e agora é preciso esperar ela chegar”, explicou o diretor-técnico e cirurgião oncológico do Hospital de Câncer, Lauzamar Salomão.

De acordo com o diretor técnico, a solução deve ser resolvida dentro do hospital, já que eles não têm nenhum contrato com o Estado ou município para a realização das mamografias. “O hospital se propôs a fazer as mamografias por filantropia e, num período de manutenção, que a empresa prestadora de serviço solicitou, ele não está sendo executado”.

Enquanto a peça não chega, as pacientes que precisam realizar o exame de mamografia têm que procurar a rede pública de saúde ou pagar pelo exame em unidades particulares de Cuiabá ou da cidade de origem.

“Se a mulher não está conseguindo fazer aqui por meio de filantropia, ela precisa procurar os órgãos públicos. O hospital não oferece o serviço por obrigação, mas se colocou à disposição para atender a população por meio da filantropia”, concluiu o médico.

Previna-se

Pelo Sistema Único de Saúde (SUS)

Você pode procurar a unidade de saúde mais próxima de onde mora quando apresentar um sintoma ou queixa de saúde. Caso esta unidade não tenha condições de dar um atendimento para o caso, ele será encaminhado para um ambulatório de especialidades ou para um hospital.

Rede particular (planos de saúde)

Ao apresentar sintomas, a pessoa deve ir ao ambulatório de um hospital na rede de cobertura do seu plano ou marcar consulta com um médico dessa mesma rede.

É importante destacar que cuidar da saúde é dever de cada um. Não deixe para procurar ajuda quando o problema já estiver avançado. Vá mensal ou anualmente ao médico e realize um check-up.

Catia Alves

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