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A delegada Alana Darlene Souza Cardoso afirmou, em depoimento ao secretário de Estado de Segurança Pública (Sesp), Rogers Jarbas, que a inserção de dois números telefônicos no pedido de quebra de sigilo no âmbito da Operação Fortis, mesmo sem qualquer tipo de envolvimento com a investigação, foi realizado com a anuência da ex-secretária-adjunta de Inteligência da Segurança Pública, Alessandra Saturnino.
As informações quanto ao depoimento constam em ofício encaminhado pelo secretário ao delegado-geral da Polícia Civil de Mato Grosso, na tarde desta quarta-feira (31).
Os números segundo apontaram os documentos pertenciam a ex-servidora da extinta Secretaria de Estado de Transporte e Pavimentação Urbana (Setpu), Tatiana Sangalli, e da ex-servidora da Casa Civil, Caroline Mariano dos Santos – ambas ligadas ao ex-secretário Paulo Taques.
O caso foi descoberto em ofício elaborado pela juíza Selma Arruda, da Vara Contra o Crime Organizado da Capital, e encaminhado a corregedora do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJ-MT), desembargadora Maria Aparecido Ribeiro. No documento, a magistrada apontou que os grampos ilegais em Mato Grosso por meio da tática conhecida como “barriga de aluguel” – em que números de telefones de pessoas comuns são inseridos em pedidos judiciais de quebra de sigilo, sem qualquer relação com investigações – também foram realizados pela Polícia Civil.
De acordo com o documento assinado por Jarbas, para incluir os números irregularmente, em março de 2015, Alessandra Saturnino levou a Alana supostas ameaças feitas em desfavor de autoridades de Estado e pediu que dois terminais telefônicos móveis fossem incluídos na operação Forti.
"A fim de operacionalizar o acompanhamento da situação acima mencionada, de acordo com Alana, os áudios foram implantados em separado dentro da operação Forti, tendo esta 'operação paralela' recebido o nome de 'Pequi' cujos áudios foram direcionados via guardião, a um único analista, Rafael Meneguini”, diz trecho do documento.
Após o depoimento de Alana, Rogers Jarbas encaminhou um ofício ao diretor de Inteligência da Polícia Civil, Gerson Vinícius pedindo detalhes e informações das operações Forti e Pequi. O setor de inteligência da instituição, informou que, as operações realizadas, foram a níveis da Sesp, isentando a PJC de culpa.
“Quanto à operação Pequi, indo ao encontro da versão apresentada por Alana, o direito da inteligência da PJC esclareceu que em 27/02/15, a delegada Alana solicitou que alguns alvos fossem separados da operação Forti, e que somente ela e o analista Rafael Meneguini tivessem acesso aos mesmos, isso por motivo de compartimentação, criando, por questões operacionais, a operação Pequi, que somente existiu internamente, sendo implantada no nível organizacional da Sesp” em resposta publicada no ofício.
Flávio Stringuetta
No ofício enviado por Rogers Jarbas, foi aponto que o delegado Flávio Stringuetta – então delegado títular da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO) – foi procurado por Alana Cardoso que noticiou todos os fatos relacionados a operação Forti e Pequi.
"Sendo acertado, nesta oportunidade, que o último representaria pela interceptação telefônica dos citados terminais móveis, tendo, para tanto, segundo consta dos autos do inquérito Polícial, alegado que soube dos fatos por meio de denúncia anônima realizada por meio de um orelhão público, quando, segundo consta, os fatos chegaram a seu conhecimento por Alana, o que gerou, conforme amplamente divulgado na imprensa, a operação Querubim", afirmou Jarbas.
Em março de 2015, O GCCO, desencadeou a Operação Querubim que investigaria uma suposta ameaça de que o ex-comendador João Arcanjo Ribeiro tramava contra a vida do governador Pedro Taques. De acordo com a delegada, Stringueta teria acertado que representaria pela interceptação telefônica dos terminais pertencentes aos números ilegais.
Na terça-feira (30), o desembargador Orlando Perri nomeou o delegado Flávio Stringueta para ser responsável pela investigação do esquema de interceptações clandestinas no âmbito da PJC e PM em Mato Grosso.
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