Foto: Marcus Mesqueita/MidiaNews
O coordenador Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (GAECO), promotor de Justiça Marcos Bulhões, afirmou que um terminal telefônico oficial da Procuradoria Geral de Justiça utilizado pelo órgão foi interceptado no esquema vulgarmente conhecido como “Barriga de Aluguel”.
O número, que estava à disposição de uma oficial da Polícia Militar que atuava no Grupo, foi identificado em uma decisão judicial proferida pelo juiz da 3ª Vara Criminal de Cáceres, Jorge Alexandre Martins Ferreira, em 1º de outubro de 2015.
Além do terminal do Gaeco, de acordo com denúncia do ex-secretário de Estado de Segurança Pública, promotor de Justiça Mauro Zaque, contatos de políticos, médicos advogados, jornalistas e até de um desembargador aposentado também teriam sido inseridos de forma irregular no pedido de quebra de sigilo telefônico. O caso é investigado pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
Nesta quarta-feira (24), o coordenador do Gaeco, promotor de Justiça Marcos Bulhões dos Santos, encaminhou ofício ao procurador-geral de Justiça, Mauro Curvo, e ao corregedor-geral do MP, procurador de Justiça Flávio Fachone, relatando os fatos. No documento, ele explica que o número interceptado era utilizado pela oficial que coordenava as ações de inteligência.
Na ocasião, quatro grandes operações estavam em andamento no Gaeco: Metástase, Chacal, Seven e Rêmora. As duas últimas apuravam denúncias de corrupção.
“Solicitamos ao procurador-geral de Justiça que encaminhe as informações levantadas com urgência à Procuradoria-Geral da República, considerando que os fatos estão sendo investigados por lá. Também informamos ao corregedor-geral que está sendo finalizada uma auditoria interna dentro do Gaeco e que o resultado será apresentado em breve para apreciação e adoção das providências cabíveis”, esclareceu.
Na tarde desta terça-feira (23), por decisão do juiz Marcos Faleiros, da 11ª Vara Criminal Especializada em Crimes Militares de Cuiabá, o ex-comandante da Polícia Militar, coronel Zaqueu Barbosa, e do cabo da PM Gerson Luiz Ferreira Golveia Junior, foram presos preventivamente, por suposto envolvimento no esquema de grampos telefônicos em Mato Grosso.
Zaqueu é acusado de ter atuado não só como mandante, mas como o responsável por manter contato pessoal com magistrados para viabilizar a quebra de sigilo telefônico ilegal em Mato Grosso.
Já Gerson Luiz foi acusado de ser responsável por formalizar os pedidos, prorrogações e relatórios de inteligência dos grampos militares ilegais à Justiça.
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