Política

PSDB adia discussões sobre permanência no governo

Bruno Boghossian e Daniel Carvalho – DA FOLHAPRESS

O PSDB decidiu cancelar uma reunião marcada para a tarde deste domingo (21) em que discutiria a manutenção de seu apoio ao governo Michel Temer.

A sigla havia convocado seus dirigentes e líderes parlamentares para o encontro, mas decidiu adiar a conversa depois que a Folha noticiou o encontro.

Três tucanos afirmaram, reservadamente, que tomaram a decisão de suspender a reunião para evitar um mal-estar com o Palácio do Planalto. O PSDB continua na coalizão governista e quer evitar um rompimento brusco, mas seus principais caciques já cogitam um desembarque.

Parte dos dirigentes da sigla defendem uma articulação rápida para que Temer deixe o poder, com a construção conjunta entre partidos aliados de uma candidatura para a eleição indireta que seria convocada nesse caso.

A cúpula da sigla deve retomar as conversas sobre o assunto na segunda-feira (22), em conjunto com representantes do DEM e do PPS.

Ainda não deve haver uma decisão formal sobre a posição do partido. Tucanos admitem que pretendem esperar o julgamento do plenário do STF (Supremo Tribunal Federal) sobre o pedido feito por Temer para suspender o inquérito aberto contra ele por corrupção passiva, obstrução de Justiça e formação de organização criminosa.

DEFECÇÕES

A direção do PSDB no Rio de Janeiro divulgou uma nota anunciando seu rompimento com o governo. Pediu a saída de ministros tucanos e a renúncia ou o impeachment de Michel Temer.

"Diante das revelações provenientes da delação da JBS, entendemos que o presidente da República não dispõe de condições políticas e éticas para dissipar a grave instabilidade que impera no país e prosseguir liderando o processo de reformas que tanto necessitamos", diz a nota.

A seção fluminense do partido, no entanto, não tem nenhum senador e tem apenas um deputado federal, Otávio Leite, presidente da legenda no Estado.

Nesta segunda-feira (22), as seções de São Paulo e Rio de Janeiro reúnem-se para definir suas posições.

POSIÇÕES

O PSDB ocupa quatro ministérios no governo (Cidades, Relações Exteriores, Secretaria de Governo e Direitos Humanos), e dá sustentação a Temer no Congresso com 47 deputados e dez senadores. Trata-se do maior aliado do PMDB na coalizão governista.

Alguns deputados já manifestaram abertamente o desejo de deixar o governo imediatamente. No Senado, há cautela: o cenário traçado é o de convencer Temer a renunciar ou pressionar o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) para que casse o mandato de Temer.

Na quinta-feira (18), o ministro Bruno Araújo (Cidades) chegou a comunicar à cúpula do partido que entregaria o cargo, mas foi demovido. Temer recebeu, então, os tucanos que integram seu governo e pediu que eles mantivessem seu apoio em nome da estabilidade econômica e política.

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, disse na manhã deste domingo (21) que seu partido, o PSDB, fará uma avaliação sobre a crise política no país, mas que, para ele, "nada mudou" com o surgimento de denúncias envolvendo o presidente Michel Temer (PMDB).

As revelações de detalhes das delações do empresário Joesley Batista, entretanto, ampliaram a instabilidade do governo e reacenderam no PSDB as conversas em torno de um cenário de sucessão imediata de Temer.

Redação

About Author

Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

Você também pode se interessar

Política

Lista de 164 entidades impedidas de assinar convênios com o governo

Incluídas no Cadastro de Entidades Privadas sem Fins Lucrativos Impedidas (Cepim), elas estão proibidas de assinar novos convênios ou termos
Política

PSDB gasta R$ 250 mil em sistema para votação

O esquema –com dados criptografados, senhas de segurança e núcleos de apoio técnico com 12 agentes espalhados pelas quatro regiões