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Além da deputada estadual Janaina Riva (PMDB), do jornalista José Marcos dos Santos “Muvuca” e do advogado José do Patrocínio, a lista de números telefônicos supostamente grampeados clandestinamente pela Polícia Militar de Mato Grosso também traz contatos de servidores da Assembleia Legislativa, ex-secretário adjunto da Capital, assessores parlamentares e até de um ex-desembargador do Tribunal de Justiça (TJ-MT).
A lista, divulgada pelo site O Livre, integra denúncia do ex-secretário de Estado de Segurança Pública (Sesp), promotor de Justiça Mauro Zaque. Ela foi encaminhada para a Procuradoria Geral da República (PGR), neste ano.
O promotor afirma que o governador Pedro Taques (PSDB) foi informado sobre a suspeita em 2015, pois envolvia integrantes do Executivo. No entanto, o tucano nega que tenha recebido qualquer documento relacionado ao caso.
A investigação pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ganhou conhecimento da imprensa local na última semana, quando equipe de reportagem do programa Fantástico, da Rede Globo, veio à Capital, apurar o caso.
A suposta arapongagem em Mato Grosso teve repercussão nacional na noite deste domingo (15), quando foi revelado que Janaina, Muvuca e Patrocínio tiveram o sigilo telefônico quebrado por meio de um esquema conhecido como “barriga de aluguel”, em que números de telefones de pessoas sem conexão com uma investigação são inseridos em um pedido judicial de quebra de sigilo telefônico.
Neste caso, os contatos foram inseridos no pedido de quebra de sigilo telefônico no âmbito de investigação de tráfico internacional de drogas.
A lista de grampeados é composta, até mesmo, por uma empresária que teria tido um relacionamento amoroso com o ex-secretário-chefe da Casa Civil, Paulo Taques – exonerado na última quinta-feira (10) -, Tatiane Sangalli.
No pedido de quebra de sigilo, ela é apontada como “capanga da Fazenda Grendene”.
De acordo com o documento, durante as eleições para o Governo do Estado, em outubro de 2014, o número do atual secretário municipal de Trabalho e Desenvolvimento Humano de Cuiabá, Vinicius Hugueney (PP), foi inserido na lista.
Na época, Vinicius – vereador licenciado -, atuava como secretário-adjunto da mesma pasta, na gestão do ex-prefeito Mauro Mendes (PSB).
O nome do advogado José do Patrocínio teria sido inserido na lista no mesmo período. À época, ele era coordenador jurídico da campanha do ex-vereador Lúdio Cabral (PT), que disputava o Governo do Estado.
O jornalista Muvuca teria sido inserido na lista em março de 2015 – quando Taques já estava no Palácio Paiaguás -, com o pseudônimo de “Mumu”.
No mesmo mês, o assessor do deputado Wagner Ramos (PR), Eduardo Gomes Silva Filho, e o assessor especial da Secretaria de Estado de Educação (Seduc), Romeu Rodrigues da Silva, foram incluídos na lista.
A jornalista Larissa Malheiros Batista, ex-comissionada da Prefeitura de Várzea Grande e atualmente lotada no Gabinete de Comunicação do Estado (Gcom-MT), também teria sido alvo da quebra de sigilo.
A filha do ex-bicheiro João Arcanjo Ribeiro, Kely Arcanjo Ribeiro Zen, também teria sido vítima dos grampos, em junho de 2015.
De acordo com o documento, os servidores da Assembleia Legislativa, Mario Edmundo Costa Marques e Carlinhos Bergamasco (já falecido), também tiveram seus números supostamente interceptados.
O servidor falecido era casado com Gisele Bergamasco, que até março deste ano ocupava a função de Secretária Executiva do Comitê Estadual para Acompanhamento de Conflitos Fundiários.
Em agosto, o nome do desembargador aposentado José Ferreira Leite foi incluído.
A gerente de Inteligência e Contra Inteligência da Casa Militar, Claudia Rodrigues de Gusmão, também teve seu nome inserido na lista.
Ainda em agosto, dois números de telefone da deputada Janaina Riva foram colocados na mesma lista.
A parlamentar recebeu o apelido de “Janair”. A lista ainda é composta por cinco médicos e do analista da vice-governadoria Kembolle Amilkar de Oliveira, servidor comissionado.
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