Cidades

Primeira prefeita de Várzea Grande, Sarita conta sua paixão pelo município

Fotos: Andréa Lobo | Vídeo: Willian Matos

Primeira mulher a administrar a Prefeitura de Várzea Grande, Sarita Baracat Arruda, assim que nasceu, adotou como sua a cidade várzea-grandense, que completa nesta segunda-feira (15) seus 150 anos de fundação.

Quem vê a senhorinha de 83 anos de idade, nem imagina a sagacidade, memória e o patriotismo demonstrado pelo município, fazendo questão de demonstrar ao som do Hino de Várzea Grande que, segundo sua acompanhante Ivanir, é ouvida todos os dias – trocando apenas pelas músicas de Roberto Carlos.

“Uma parte das pessoas perderam o patriotismo. Acho que com a preocupação com a sobrevivência, com a violência, as pessoas foram esquecendo do patriotismo. Mas, para não esquecer, sempre coloco o hino pra vizinhança ouvir também.  Ouço de dia, a tarde, com visita, sempre que posso”,  disse cantarolando a letra do hino.

A contadora formada em Direito teve como paixão a educação. No município, lecionou durante 30 anos. Quando eleita em 1967, Sarita esteve à frente da organização do centésimo aniversário da cidade e para ela é uma conquista que outra mulher – no caso, a prefeita Lucimar Campos (DEM) – esteja organizando novamente esta comemoração.

“Foi o destino eu ser prefeita no primeiro centenário de Várzea Grande. Agora, nos 150 anos da cidade, outra mulher preside a solenidade de aniversário”, festejou a professora. Segundo Sarita, foram três dias de comemoração. “Alunos das escolas municipais todos uniformizados desfilaram pelas ruas”, relatou. 

Com a política aflorada na pele, militante do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), a mulher, mãe e esposa (agora viúva), sempre foi atuante em várias vertentes da administração e liderança no município. Ela diz que vê todo o seu desempenho normalmente e estimula a mulher, independente de filhos ou maridos, a ir em busca do melhor para o bem de todos.

“Vejo com muito otimismo a ascensão da mulher. Acho que a mulher é preparada para tudo, inclusive para administrar. Quem administra uma casa, filhos, marido, ela tem plenas condições de administrar uma cidade. Desde que ela queira, tenha vontade de trabalhar e, principalmente, tenha amor a  sua terra”, declarou.

Cidade Insdústrial

Para Sarita o ponta pé que deu início à movimentação econômica de Várzea Grande, se iniciou nos anos 60, com a implantação de incentivos para a industrialização e comércio, a partir de então, nasceu o título de Cidade Industrial.

“Nessa época tivemos a criação de impostos e tributos para arrecadar recursos para o município. Através de doações de terrenos, a Prefeitura destinou lotes para a construção e investimentos. Assim, conseguimos trazer algumas empresas. A Prefeitura dava cinco anos de isenção de imposto e exigia a utilização da mão-de-obra local pra gerar emprego. Várzea Grande explodiu com esse incentivo. A população começou a ter mercado de trabalho. De modo que a cidade cresceu”, relatou.

O marco da atuação da ex-prefeita foi a educação, na qual garante, que conseguiu tornar 97% da população várzea-grandense alfabetizada – número esse que chegou a superar o índice do País.

Antenada nos índices que Várzea Grande obtém em seu desenvolvimento, Sarita aposta na retomada do desempenho do município como a Cidade Industrial.

“Hoje, felizmente, com a implantação dessas indústrias e consequentemente do comércio, a cidade se desenvolveu e foi possível tornar o segundo município em arrecadação industrial do Estado. Perdemos recentemente para Rondonópolis e ficamos em terceiro. Mas, agora, eu acredito que Várzea Grande volte a recuperar a segunda posição na renda industrial e comercial do Estado”.

"De corpo e alma"

Além de educadora e política, a Sarita também é fã de esportes e, como não poderia ser diferente, torce de “corpo e alma” para o principal time do município, o Operário Várzea-grandense, no qual teve honra de ser a primeira “rainha”, aos 18 anos de idade.

“Sou de corpo e alma do Operário. Eu fui a primeira rainha do clube. Naquele tempo era rainha, agora é madrinha, né (risos). Teve uma disputa na fundação do Operário, entre seis moças, e eu era uma delas”, relembrou.

Para realizar os jogos, Sarita, mesmo não participando da diretoria, trabalhava com afinco no intuito de angariar recursos para o time. O amor pelo time de futebl também lhe proporcionou o fato de ter conhecido seu marido, que não a impedia de assistir a todos os jogos do “Chicote da Fronteira”, como o time é conhecido.

“O Operário evoluiu, pois antes o esporte era só amador, agora ele joga [na categoria] profissional. Quando fui prefeita, o Operário foi tricampeão do esporte amador. Tenho muito orgulho disso. Eu fui madrinha, depois fui secretária, quando prefeita eu era presidente de honra e sempre incentiva, indo a todos os jogos do Operário”, afirmou Sarita cantando o hino do tricolor.

Mesmo sabendo do atual momento crítico do time várzea-grandense, a ex-prefeita segue seu amor pelo “Chicote da Fronteira”. “Não está muito bem, não. Mas eu continuo torcendo pelo Operário”.

Avanços

Dona Sarita atribui o crescimento da cidade, nos últimos anos, em razão da imigração de pessoas para Várzea Grande e também dos gestores.

“Eu vi o crescimento da população com a vinda de elementos de outros Estados, que se estabeleceram aqui em Várzea Grande e ajudaram a evoluir a economia da cidade. A cidade cresceu e se tornou hoje o segundo colégio eleitoral do Estado e a segunda maior população também”, se orgulha Sarita.

Ela, que já foi professora, vereadora, prefeita e deputada, diz que a cidade, além de acolhedora, possui pessoas que se preocupam com as outras, em cuidar e ajudar nas dificuldades. “Morar aqui é maravilhoso, morar na rua em que meu pai morou e foi homenageado com o seu nome. Aqui vivemos em harmonia, todos se cumprimentam e se solidarizam com o próximo. É necessário viver em uma comunidade em que todos se solidarizam”, finalizou.

 

Valquiria Castil

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