Foto: Willian Matos
O governador Pedro Taques (PSDB) acusou o ex-secretário de Estado de Segurança Pública (Sesp), promotor de Justiça Mauro Zaque, de ter fraudado o protocolo de ofício enviado à Procuradoria Geral da República (PGR), que envolvia a denúncia de grampeamento ilegal de telefones pela Polícia Militar. O caso envolveria dezenas de pessoas (deputados federais, estaduais, advogados e jornalistas), que sofreram interceptação de seus números desde 2014.
O governador Pedro Taques concedeu entrevista coletiva na tarde desta sexta-feira (12), no Palácio Paiaguás, para falar sobre o caso de escutas telefônicas que veio à tona na tarde desta quinta após o anúncio da saída de Paulo Taques da secretaria da Casa Civil.
“Em outubro de 2015, o então secretário de Segurança, Mauro Zaque me informou sobre a suposta existência de centrais de escuta de telefones no Executivo, envolvendo pessoas do Executivo, e pedi que colocasse no papel a denúncia. Foi o primeiro ofício protocolado por ele na Secretaria de Governo e qual eu mandei para o Gaeco (Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado)”, afirmou Taques.
“No entanto, um segundo ofício foi protocolado por Mauro Zaque, o qual foi enviado para o PGR. Mas, eu nunca tomei conhecimento deste segundo documento. E somente ontem (11), ao saber da denúncia pela mídia, procurei o segundo ofício aqui no Executivo e descobrimos que o número se trata de um protocolo feito na Sinfra (Secretaria de Infraestrutura) pela Prefeitura de Juara”, completou.
Taques afirmou que conversou com Zaque sobre os supostos grampeamentos no começo de outubro de 2015 e pediu que ele “seguisse os costumes” e protocolasse a denúncia em caráter sigiloso na chefia do Gabinete do Governo.
Segundo o governador, o registro de protocolamento tem data de 8 outubro de 2015. “Por não ter o poder de investigação policial sobre o caso, passei para o Gaeco fazer a investigação, e o documento foi arquivado por falta de indícios de participação de pessoas com foro privilegiado no caso”.
Ainda conforme o governador, o segundo protocolo tem data de 14 de outubro de 2015, uma semana depois do primeiro protocolo, em que consta “vários documentos” em anexo a um ofício de 15 páginas.
“Eu nunca tive acesso a esse ofício. Assim como o primeiro, ele deveria ser protocolado junto à chefia de Gabinete do Governo. Por que ele foi protocolado na porta do Palácio Paiaguás do protocolo geral? Entrou um documento na Casa Civil e não teve nenhuma circulação na Casa Civil. Ou seja, isso é uma fraude”, declarou.
"Existe um número na Sesp, mas, físicamente, não existe o processo. Por tanto, só posso tomar o conhecimento de algo, caso seja de meu conhecimento. Como governador, só posso tomar providências que meu cargo determina, a partir do momento que tenho conhecimento do documento. Como tomar providências, se eu não conheço o documento? Isso é uma fraude. É o mesmo número de um protocolo em dois documentos.Ele nunca protocolou isso aqui. Nunca tive conhecimento deste segundo ofício e dos documentos que o acompanhavam", disse.
"Central de escuta"
Taques fez questão de ressaltar que nunca solicitou ao então comandante-geral da Polícia Militar, coronel Zaqueu Barbosa, que um central de escuta clandestina fosse montada na Polícia Militar, para monitorar adversários políticos e, até mesmo aliados de seu Governo.
"Eu teria conhecimento disso, segundo o promotor Mauro Zaque. Ele disse isso com base nesse ofício que mandou para a PGR, mas eu nunca o vi e é uma fraude o protocolo desse documento aqui [Palácio Paiaguás]. Ele disse que o então comandante da PM, Zaqueu Barbosa, o havia dito que eu tinha conhecimento. Isso tem que ser perguntando ao ex-comandante. Eu nunca pedi isso ao ex-comandante da PM, se por ventura [o grampo] foi feito", declarou.
O tucano disse que já adotou medidas para apurar as acusações e buscar responsábilizar o promotor, por ter mentido em sua denúncia. Entre as medidas, de acordo com Taques, foi a exoneração do ex-secretário-chefe da Casa Civil, Paulo Taques, que irá atuar em sua defesa neste caso.
"O doutor Paulo, que todos sabem que é meu advogado, eu o exenerei ontem para que faça a defesa do único patrimônio que eu tenho: minha honra. Ele já protocolou no MPE e MPF cópia do que o doutor Mauro Zaque falou", declarou.
"Estou representando o Zaque na Procuradoria-Geral de Justiça. Já avisei o procurador-geral de Justiça [Mauro Curvo] sobre isso. Estou representando o Zaque no Conselho Nacional do Ministério Público, pois eles precisam tomar conhecimento disso. E também estou mandando cópia de tudo isso ao procurador-geral da República [Rodrgio Janot]. E determinei ao secretário da Sesp, Rogern Jarbas, que faça essa investigação dentro da Polícia Militar. Estou fazendo isso hoje, pois tomei conhecimento dos fatos ontem, por meio da imprensa", pontuou.
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