Fica difícil falar alguma coisa sobre o atual momento de nosso país. Dá preguiça. Somos um país onde ser honesto é uma desvantagem. O cara é fiel, não tem amantes, é no mínimo viado. Não tem ambições estratosféricas, pensa primeiro no amor, na família, é fracassado. Ou no mínimo comunista. Ou como diria Mahon, é muito suspeito, um homem muito direito.
– Em Portugal, comprando um imóvel de 350 mil euros, você ganha, automaticamente, cidadania europeia – dispara Lilian entre uma ventrecha e outra.
Tô achando que é melhor virar Kitchen Porter em Lisboa do que publicitário por aqui. Vivemos uma total inversão de valores. Existem gays que votam em Bolsonaro. Mulheres que acham Bolsonaro um homem de verdade. Eu me senti traído por Lula. Eu achei que ele iria dar abertura para um novo caminho. Vivemos em estado de sítio. Liga o jornal de manhã, são tão deprimentes as notícias que o jornal deveria ser chamar “Desgraça Matinal”. Um infeliz senador sem voto disse esses dias, num comentário megapreconceituoso nas redes: “O mundo anda tão virado que hoje é o poste que mija no cachorro”.
– Hum… você sabe, né… a gente não vai embora porque você não quer. Passa o pirão, por favor?
As mulheres e suas soluções fáceis. Só não vamos embora, com nossos 3 filhos, 4 cachorros, muito longe de ter 350 mil euros e só não vamos porque eu não quero. Mas abriu-se uma esperança. Tenho pensado muito nos meus filhos. Tenho me preocupado muito com a educação deles. O Brasil é um barco sem destino.