Política

Advogado “grampeado” diz que escutas telefônicas existem desde as eleições de 2014

Com Airton Marques

O advogado José do Patrocínio, que foi coordenador jurídico da campanha PT- PMDB de Mato Grosso nas eleições de 2014, afirmou na manhã desta sexta-feira (12) que os supostos “grampos” realizados pela Polícia Militar serviram para sondar as ações do grupo encabeçado por Lúdio Cabral (PT), então candidato ao Governo do Estado.

O próprio advogado afirmou que informações dão conta de que seu telefone foi um dos grampeados, por meio de uma prática conhecida como "barriga de aluguel", quando números de telefones de cidadãos comuns, sem conexão com uma investigação, são inseridos em um pedido de quebra de sigilo telefônico à Justiça.

Segundo ele, o atual governador Pedro Taques (PSDB) já tinha influência na PM e conseguiu criar a rede de escuta envolvendo empresários, juízes, políticos e jornalistas.

“Desde então, eles [grupo encabeçado por Taques] monitoram e fazem escuta ilegal de telefones. Qual é modus operante eles realizavam? Tiravam informações das áreas que eu trabalho, como educação, eleitoral”, disse.

Uma investigação conduzida pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apura um suposto esquema de escutas clandestinas envolvendo o Palácio Paiaguás.

Patrocínio relatou que soube do caso por meio de apuração de um grupo de reportagem do programa Fantástico, da Rede Globo, que o entrevistou para checar informações do suposto esquema que teria sido vítima.

“O pedido feito para o juiz [para realização da escuta] era de tráfico internacional de entorpecentes, e quando olhei o corpo da petição vi o meu telefone. E eles submetem dezenas de pessoas envolvendo advogados, jornalistas. Toda estratégia de campanha orientada pelo advogado José do Patrocínio era sabida pelas coligações adversárias, principalmente a coligação do atual governador Pedro Taques”, acusou.

O advogado lembrou ainda que, à época, tinha documentos que provariam fraudes na campanha do então candidato Taques e que seriam protocoladas na Justiça Eleitoral. Hoje, segundo ele, o caso está encerrado.

“Suponho que a intenção era saber qual é a ideia, a estratégia, linha de defesa, a linha de acusação”, pontuou.

Saída de secretário

O suposto núcleo de escutas telefônicas ilegais ganhou repercussão após o anúncio da exoneração do ex-secretário-chefe da Casa Civil, Paulo Taques. Por meio de nota, na tarde desta quinta-feira (11), o Governo do Estado revelou que Paulo retornaria ao seu escritório de advocacia, atuando na investigação desta denúncia.

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Reinaldo Fernandes

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