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Por G1
Antes mesmo de ver a estreia de sua maior promessa recente, o torcedor do Flamengo já convive com a possibilidade de vê-lo deixar o clube em pouco tempo. Os rubro-negros estão ansiosos para ter Vinicius Júnior, de 16 anos, em campo no time profissional. Mas sabem que será por pouco tempo. Quando completar 18 anos, ele deve ir para o Real Madrid. E esse cenário levantou um debate nesta terça-feira, em seminário realizado na CBF. Para o diretor de Registros e Transferências da entidade, Reynaldo Buzzoni, o banimento da participação de terceiros nos direitos econômicos dos atletas dificultou a manutenção de jovens de destaque.
– É um caso emblemático (Vinícius Júnior). Ele tem 16 anos e já estão vindo clubes grandes da Europa para comprar ele daqui dois anos. E o clube do Brasil não tem condição de bancar um jogador que tem potencial para ficar, até chegar na Seleção. Você não tem condição de bancar esse salário – argumentou Buzzoni.
Desde o dia 1º de maio de 2015, somente clubes têm direito de possuir os direitos econômicos dos jogadores em contrato. Para a Fifa, "terceiros" são os investidores, agentes, intermediários, fundos (trust funds), sociedades, os próprios jogadores e seus parentes. Buzzoni acredita que, caso houvesse uma limitação, ou até mesmo que os atletas tivessem o direito de contar com uma fatia do percentual, a situação poderia ser diferente.
Vinícius Júnior foi integrado ao time profissional do Flamengo nesta terça-feira. O diretor executivo do clube, Rodrigo Caetano, também esteve no evento na CBF e revelou o desejo de estender o contrato com o jogador. O atual vínculo vai até 2019. No entanto, a equipe carioca tem uma proposta de cerca de R$ 157 milhões do Real Madrid pelo jovem atleta. Ele iria para a Espanha quando completasse 18 anos, em 2018.
O debate na CBF foi promovido após as palestras de dois diretores da Fifa: Omar Ongaro, diretor de Regulamentação, e Kimberly Morris, chefe deIntegridade e Compliance do Fifa TMS, o sistema de transferências usado por clubes de todo o mundo. Além deles, o advogado especialista em Direito Esportivo Internacional, Marcos Motta, também participou da discussão. Omar defendeu o banimento de terceiros nos contratos dos jogadores e citou, principalmente, a integridade do jogo.
– Podemos ter um caso de um certo investidor ter participação de um atacante de um clube A e um zagueiro de um clube B. Se eles decidirem aumentar um valor do jogador do clube B, eles poderiam, por exemplo, falar para o jogador do time A pegar leve em um jogo. Isso vai fazer o zagueiro parecer um ótimo zagueiro e aumentaria seu valor. É uma situação hipotética, mas poderia acontecer. E pelo fato de acontecer, precisamos evitar esses potenciais conflitos que afetem a integridade da competição – justificou Ongaro.